Latasha Harlins: o caso de homicídio que colocou de lados opostos imigrantes coreanos e afro-americanos em 1992
Em 1991, o pedreiro negro Rodney King foi espancado pela polícia após uma perseguição de carro. King voltava de uma festa com alguns amigos e foi surpreendido pela força policial de Los Angeles. Após a tentativa de fuga, o homem negro foi retirado do veículo e brutalmente espancado. Durante o julgamento dos policiais, todos brancos, era nítido o favorecimento aos agentes da lei por parte da justiça. Todos os acusados foram absolvidos, mesmo com registros em vídeo do bárbaro espancamento.
O fato revoltou a população negra da cidade. Mas foi em meados desse mesmo ano que realmente Los Angeles seria transformada em um caos, em meio à maior rebelião racial da história da cidade. E essa grande revolta foi desencadeada por um crime covarde contra uma garota negra de 15 anos.
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Latasha Harlins nasceu no estado de Illinois e se mudou para Los Angeles após a mãe ser assassinada pela madrasta. De uma família pobre e morando com a avó, ela estudou até os 14 anos, quando passou a manifestar comportamentos de rebeldia e abandonou a escola.
Em uma manhã ensolarada, a garota entrou em uma loja em Koreatown, famoso distrito conhecido por abrigar milhares de imigrantes e descendentes de coreanos.
Latasha entrou na loja de Soon Ja Du, uma mulher de 51 anos. Segundo informações policiais, a garota teria colocado uma garrafa de suco em sua bolsa. A proprietária da loja, vendo a possibilidade de a menina furtar o produto, probabilidade atribuída à sua cor, ordenou que a menina pagasse. Porém, testemunhas, que estavam na loja no momento, disseram que Soon não fez essa pergunta e que, em momento algum, Latasha demonstrou que não pagaria pelo simples e barato suco de 30 centavos.
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Em um vídeo divulgado pela promotoria, a jovem discute com a dona do estabelecimento, que tenta tirar o suco da mão da garota, quando a garota vira de costas para pegar um outro produto, é alvejada por Soon. Com um tiro na cabeça a menos de um metro de distância. A menina morreu na hora.
Durante o julgamento, em 1992, feito de forma muito rápida, a senhora coreana recebeu uma pena branda: 5 anos em liberdade, 400 horas de serviço comunitários e 500 dólares pelas despesas do funeral. Um assassinato, sem chance de defesa para a vítima, pago em liberdade, apenas com restrição de direitos.
A população negra e pobre de Los Angeles, já revoltada com a absolvição dos espancadores de Rodney King, e agora estupefatos pela terrível injustiça cometida pela corte do estado, transformou a cidade em um caos. Foram 5 dias que contabilizaram 53 mortos e mais de 2.000 feridos e 11.000 presos, 90% negros.
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Os distúrbios de Los Angeles foram considerados a maior rebelião racial da história dos Estados Unidos, gerando 1 bilhão de dólares de prejuízos aos cofres públicos e colocando em lados opostos coreanos e seus descendentes e afro-americanos. Estima-se que, durante esses dias, 15 orientais foram mortos, enquanto a grande maioria das vítimas do distúrbio continuaram sendo negros. A população coreana se armou, teve maior proteção policial e os negros novamente foram prejudicados.
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Os Estados Unidos continuaram sendo um caldeirão de pólvora racial. Os distúrbios de Los Angeles de 1992 são lembrados até hoje como um dos momentos de maior acirramento na relação raça e Estado.
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Referências:
https://abc7.com/latasha-harlins-killing-of-harlins-playground/10422965/