Crimes

Crueldade humana: as torturas e o assassinato do menino Rhuan no seio de um casal cruel

Assassinatos envolvendo crianças sempre causam uma grande comoção. É difícil imaginar que alguém seja capaz de matar um ser tão inocente e indefeso quanto uma criança. Quando nesse crime estão envolvidos os seus pais ou responsáveis, a comoção e a revolta são ainda maiores.

No Brasil, infelizmente, temos vários crimes desse tipo. Alguns deles com uma crueldade tão extrema que parece quase impossível acreditar que um ser humano tenha cometido algo tão bárbaro. É o caso do assassinato do menino Rhuan Maycon da Silva Castro, assassinado na madrugada do dia 31 de maio de 2019 por sua mãe, Rosana Auri da Silva Candido, e pela companheira dela, Kacyla Priscyla Santiago Damasceno Pessoa. Na época, ele tinha 9 anos e já tinha sofrido uma gama enorme de torturas e violações.

Em 18 de dezembro de 2014, Rosana e Kacyla fugiram do Acre levando Rhuan e a filha de Kacyla. Os avós paternos do garoto tinham a sua guarda e passaram anos à procura do menino. As duas passaram pelo Sergipe, por Goiás e fixaram residência em Brasília.

Desde a fuga, a criança passou por diversos sofrimentos físicos e mentais, recebendo castigos constantes, privações de todo tipo e sendo desprezado pela mãe e por sua companheira. A filha de Kacyla também enfrentou violências, foi abusada sexualmente e sofreu lesões corporais. Os abusos praticados contra Rhuan, entretanto, eram ainda maiores.

O menino não podia manter contato com outras pessoas, não frequentava escola e foi submetido a uma violência extrema ao ter seus testículos extraídos e seu pênis cortado em casa, sem anestesia ou qualquer acompanhamento médico. A criança sentia dores fortíssimas ao urinar e, segundo a sua mãe, o procedimento foi feito porque ele queria ser uma menina.   

A barbárie, no entanto, não parou aí. As duas planejaram o assassinato do garoto por cerca de um mês. Esperaram que ele dormisse para executarem seu plano cruel. Colocaram um pano embebido com acetona em sua boca para evitarem que ele reagisse e desferiram 11 facadas em Rhuan. Ele foi decapitado ainda vivo. Todo esse horror foi testemunhado pela filha de Kacyla, que, na época, tinha apenas 8 anos de idade.

Depois do assassinato, elas esquartejaram o corpo, perfuraram os olhos e dissecaram a pele do rosto do menino. Em seguida, tentaram incinerar o corpo da criança em uma churrasqueia, mas não conseguiram executar o plano, então, colocaram as partes em uma mala e duas mochilas.

Rosana deixou a mala em um bueiro, a cerca de um quilômetro de distância de sua casa, no distrito de Samambaia. Um adolescente viu a ação e, ao descobrir o que havia na mala, acabou acionando a polícia.

Presas em flagrante, Rosana e Kacyla confessaram o crime. Seus depoimentos intensificaram ainda mais o horror imposto ao garoto. O primeiro motivo que alegaram para o que fizeram foi o fato de que a pensão que recebiam seria cortada por determinação da Justiça do Acre, já que elas haviam fugido com Rhuan e o corte no pagamento seria uma tentativa de forçarem as duas a revelarem o paradeiro da criança.

Rosana disse que o menino lembrava muito o seu pai, a quem ela odiava por ter sido agredida por ele. Além disso, segundo ela, ele era um garoto desobediente, por isso, matá-lo seria uma forma de aplicar-lhe um corretivo. Por fim, havia uma imensa dose de fanatismo religioso na tentativa de justificar a barbárie cometida. Elas diziam que passaram a viver juntas por motivos religiosos e Rosana alegara que era uma espécie de justiceira, como um Deus do Velho Testamento.

Rosana e Kacyla foram condenadas por homicídio qualificado, lesão corporal gravíssima, tortura, ocultação e destruição de cadáver e fraude processual. A mãe de Rhuan recebeu uma pena de 65 anos de prisão e a sua companheira, recebeu 65 anos.

Conforme o juiz, o crime foi “friamente premeditado”, as rés não demonstraram arrependimento, remorso ou empatia com a vítima. Rosana se mostrou “totalmente desajustada”, desprezando “regras éticas” e “parâmetros sociais de comportamento”.

Rhuan foi arrancado de sua família, torturado e morto por quem deveria protegê-lo. Sofreu em vida dores imensas, morreu de forma cruel e totalmente desumana. Teve todos os seus direitos usurpados e, em seus poucos anos de vida, enfrentou torturas pelas quais ninguém deveria passar. Seu assassinato é mais um dos muitos crimes envolvendo crianças que causam repulsa, comoção e revolta, porém, seguem acontecendo com uma frequência assustadora.

Referências:

https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/10/28/caso-rhuan-maycon-mae-e-companheira-que-esquartejaram-menino-vao-a-juri-popular-no-df.ghtml

https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2020/11/4891243-caso-rhuan-mulheres-que-mataram-o-menino-sao-condenadas-a-129-anos-de-prisao.html

https://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2020/11/26/interna_nacional,1214643/assassina-e-mae-rhuan-disse-que-cheiro-da-carne-menino-estava-bom.shtml

https://www.justificando.com/2019/07/23/o-caso-do-menino-rhuan-e-a-manipulacao-da-comocao-publica/

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