Acordes e lágrimas: a triste história por trás de “Tears in Heaven”
Como lidar com a dor da perda de um filho? O que fazer com o vazio deixado pela partida precoce de uma criança? Cada pessoa reage de uma forma diferente às dores da vida. Cada um encontra seu caminho para seguir em frente. Algumas pessoas buscam na arte a forma de exprimir a dor que as consome, foi o caso de Eric Clapton.
Em março de 1991, o cantor se viu diante da morte trágica de seu pequeno filho Conor. Fruto de um relacionamento de Clapton com a modelo italiana Lory del Santo, o garoto não vivia com o pai, mas tinha ido passar um tempo com ele e a mãe em Nova York.
Na manhã do dia 20 de março, Lory e Conor se preparavam para ir ao zoológico com Clapton. Enquanto a mãe se arrumava, o menino brincava de esconde-esconde com a babá, porém uma terrível tragédia o impediu de ir ao passeio com o pai. O zelador do prédio estava limpando as janelas do apartamento e retirou o vidro. O menino saiu correndo em direção à janela e caiu do 53º andar. Seu corpo caiu no telhado de outro prédio.
Conor tinha quatro anos de idade e morreu em decorrência da queda. A tragédia marcou para sempre a vida de seus pais.
Devastado pela dor, justamente num momento em que começava e entender o tamanho do amor entre pai e filho, Eric Clapton compôs “Tears in Heaven” nove meses depois da tragédia que marcara para sempre a sua vida. Enquanto ele abria cartas de fãs, encontrou uma carta que Conor havia lhe enviado de Milão. Naquele momento, ele sentiu que o álcool não aliviaria a tristeza que o consumia e que deveria viver a sua vida de modo a honrar a memória de Conor, assim nasceu uma de suas músicas mais famosas.
A canção faz parte do álbum “Unplugged”, lançado em 1992, e, segundo o músico, foi a forma que ele encontrou para lidar com o sofrimento e superar a dor que o consumia. Para Clapton, foi a música que o salvou e levou a sua dor.
“Você saberia meu nome se eu te visse no céu?/As coisas seriam iguais se eu te visse no céu?/ Devo ser forte e seguir em frente/Porque sei que não pertenço ao céu.” A força de seus versos e o som de sua guitarra permitiram a Eric Clapton extravasar o imenso vazio que a partida de Conor lhe causara.
O álbum no qual “Tears in Heaven” foi lançada vendeu 7,7 milhões de cópias. De 1992 a 2004, foi executada em todos os shows do cantor. Em todas as ocasiões, foi marcada por muita emoção e lágrimas. Clapton disse que parou de cantá-la a partir do momento em que conseguiu, finalmente, completar o processo de luto.
Lory diz que não consegue ouvi-la. A forma que encontrou para enfrentar a perda de Conor foi guardar todas as suas fotos e lembrar do filho em suas memórias e orações.
Eric Clapton venceu três prêmios Grammy com essa música, vendeu milhões de discos, mas muito mais do que isso, “Tears in Heaven” foi a forma que ele encontrou para eternizar a memória de seu filho e enfrentar a devastação que a sua partida tão precoce lhe provocara. Da tragédia que marcou a sua vida, ele compôs versos cheios de emoção, os quais expressam o quão é desolador perder um filho.
Referências:
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/26/cultura/1553619196_547382.html