O Médico e o Monstro: o crime do atirador do Shopping
Como Matheus, um estudante de medicina, se tornou um assassino dentro de uma sala de cinema em um dos bairros mais nobres de São Paulo
Quem foi à sala 5 do cinema do Morumbi Shopping, em São Paulo, naquela noite de 3 de novembro de 1999, jamais poderia imaginar que enfrentaria uma rajada de tiros e eles não estariam apenas na tela do filme “Clube da Luta”, exibido naquela sessão que havia começado às 21h15. O ataque era muito real, embora algumas pessoas tenham imaginado inicialmente que o som viesse do filme.
Na plateia, havia 29 expectadores, dentre eles, Matheus da Costa Meira, na época, estudante de Medicina da Santa Casa de São Paulo. Sentado na primeira fileira, depois de ter assistido a 15 minutos do filme, ele se levanta, vai ao banheiro, saca uma submetralhadora M-11 e atira no espelho, volta, sem seguida, à sala de cinema e dispara por cerca de três minutos contra a plateia. Seus tiros mataram três pessoas, feriram outras quatro e aterrorizaram a todos que estavam ali.
Contido por seguranças, ele foi preso, julgado e considerado imputável, apesar de alegar esquizofrenia. Em depoimento, Matheus declarou ter planejado o atentado ao longo de sete anos. A polícia encontrou em seu apartamento munição, cocaína, crack e bilhetes nos quais ele atribuía às drogas os seus atos.
Em 2004, ele foi condenado a 120 anos e seis meses de prisão. No ano de 2007, sua sentença foi reduzida para 48 anos e 9 meses. No entanto, dois anos depois, o atirador do shopping tentou matar um ex-colega de cela, fazendo uso de uma tesoura. A partir daí, ele foi diagnosticado como esquizofrênico e declarado inimputável, sendo transferido para o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Salvador, onde cumpre medida até hoje.