A trajetória e desaparecimento de Rubens Paiva, o Deputado que enfrentou a Ditadura Militar
Rubens Paiva foi um político brasileiro que fez oposição ferrenha ao regime militar. Nascido em Santos e formado engenheiro civil pela Universidade Mackenzie, Rubens iniciou cedo na vida política, quando jovem , militou no movimento estudantil na campanha “O petróleo é nosso”. Também Foi presidente do centro acadêmico e vice-presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo. Até se eleger deputado federal por São Paulo, pelo PTB, Paiva Se destacou no congresso ao encabeçar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar IPES-IBAD (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais – Instituto Brasileiro de Ação Democrática), instituição que recebia financiamento externo para promover textos e palestras sobre “a ameaça vermelha no Brasil”, uma espécie de macarthismo à brasileira, que visava assustar a classe média brasileira para os perigos de uma revolução comunista no país. Ao encabeçar a CPI, Paiva se colocou como um dos maiores opositores ao conservadorismo brasileiro. Se colocando completamente contra o golpe. Rubens Paiva realizou, na madrugada de primeiro de abril de 1964, dia em que os militares tomaram o poder, um discurso acalorado nas dependências da rádio nacional convocando trabalhadores à luta e criticando a posição do governador paulista Ademar de Barros, na época a favor dos militares.
Com o inicio do Regime Militar, Paiva foi considerado persona non grata pelos generais, teve o mandato cassado e foi obrigado a se exilar.
Após um tempo de exílio conseguiu retornar ao Brasil, mas continuou militando contra o regime de exceção que vigorava no país, até ser sequestrado por agentes do exército brasileiro, que teriam chegado a conclusão que Paiva era informante de Carlos Lamarca, homem mais procurado no inicio dos anos 70 no país.
Levado para um quartel no Rio de Janeiro e depois para o Doi-Codi ,onde foi supostamente(versão da família na época) torturado e morto covardemente por agentes do Estado. O Corpo de Paiva nunca foi encontrado, o sequestro ocorreu no final de janeiro de 1971. A partir do sumiço do ex-deputado a família iniciou uma odisseia em busca de informações sobre o paradeiro do corpo do político, Dona Eunice, sua esposa, apelou para o Tribunal Superior Militar e até para cortes internacionais de direitos humanos, porém, o atestado de óbito só foi expedido oficialmente em 1996 a partir da lei dos desaparecidos na ditadura, sancionada por FHC. Mas somente em 2014, após trabalhos da Comissão da Verdade os fatos vieram realmente à tona. Paiva foi sequestrado, torturado e covardemente morto, os agentes do Estado tentaram encampar a versão de que o deputado teria trocado tiro com os agentes durante o transporte à prisão, a história caiu por terra muito rapidamente. Depois de morto o corpo foi desenterrado e mudado de lugar várias vezes, até ser jogado e alto mar em uma explicita intenção de ocultar o cadáver do opositor.
Durante o discurso de promulgação da constituição de 1988, Ulysses Guimarães disse:
“A sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram”.
Foi a sociedade mobilizada nos colossais comícios das Diretas Já que pela transição e pela mudança derrotou o Estado usurpador.