Os 170 mil Órfãos da Romênia: episódio que transformou a história da adoção no mundo
Os fatos por trás da política desumana e desastrada que contribuiu para um dos maiores abandonos de crianças, em massa, da história da humanidade e mudou para sempre a forma de acolhimento e adoção de crianças no mundo.
A história começa nos anos 60, com a política de natalidade imposta pelo ditador Nikola Ceausescu. Seu plano era elevar o número de romenos de 23 milhões para 30 milhões até o ano 2000. Para concretizar o feito, o ditador tomou uma série de medidas que desembocou em efeitos colaterais desastrosos.
Primeiramente, o governo romeno proibiu qualquer tipo de contraceptivo, como a camisinha e a pílula. Em seguida, criminalizou todo tipo de aborto, punindo com pena de prisão perpétua casos dolosos. Como se não bastasse, criou leis que obrigavam todas as mulheres a serem examinadas por médicos estatais, orientados a fazer perguntas do tipo “com que frequência você faz sexo?” ou “por que você não consegue engravidar?”. Esses profissionais eram conhecidos na boca pequena como a “polícia da menstruação”, uma espécie de vigilantes da sexualidade.
Mesmo com todas essas ações, Ceausescu não estava satisfeito e, durante a década de 70, instituiu multa e restrição de direitos para mulheres que tivessem menos de 5 filhos, além de punir os médicos de bairros com diminuição da fertilidade com o confisco de 30% do salário.
A política adotada pelo ditador, ao longo dos anos, causou uma infinidade de problemas, como abandono de crianças e aumentou, e muito, o número de órfãos no país. Além das inúmeras mortes de mulheres vítimas da falta de assepsia no parto e violência obstétrica.
Com esses enormes problemas para resolver, o governo romeno colocou os “órfãos”, como ficaram conhecidos posteriormente, em grandes orfanatos com capacidade para até 10 mil crianças, mas chegavam a abrigar o dobro.
Além da terrível instalação, Ceausescu ordenou que os cuidadores não demonstrassem nenhum tipo de carinho ou afeto familiar aos meninos. A maior parte das crianças cresceu sem os pais e, por conta das condições de tratamento, desenvolveu sérios problemas emocionais e intelectuais.
O ditador foi fuzilado em 1989. Após a queda da União Soviética e a desfragmentação do Leste Europeu, o governo romeno passou a investir tempo e dinheiro para encontrar famílias para os mais de 100 mil órfãos que ainda se encontravam em abrigos.
O episódio é conhecido e pesquisado pelas mais diferentes áreas da ciência, principalmente na assistência social, pedagogia e psicologia. A partir da análise do episódio, houve alterações significativas na forma de pensar adoção e acolhimento de crianças órfãos ao redor do planeta, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento de vínculos familiares e emocionais entre quem adota e quem é adotado.
Referências:
https://www.publico.pt/…/os-orfaos-da-romenia-15-anos…
https://saude.abril.com.br/…/a-historia-bizarra-das…/
http://www.scielo.br/pdf/cpa/n26/30384.pdf
https://geracaoamanha.org.br/orfaos-da-romenia/
http://adocaopassoapasso.com.br/category/destaque/
https://revistapesquisa.fapesp.br/os-orfaos-da-ditadura-romena/