Cinema e Cultura Pop

“Psicose”, um clássico do suspense de Alfred Hitchcok

“Psicose” é um dos filmes mais famosos de Alfred Hitchcok. Lançado em 25 de agosto de 1960, se tornou um dos maiores sucessos do cinema e marcou para sempre a carreira de seu diretor. 

Baseado no livro homônimo de Robert Bloch, o filme conta a história de Marion (Janet Leigh), uma secretária que rouba 40 mil dólares do seu patrão e foge de carro. Em uma noite chuvosa, depois de uma longa viagem, ela decide se hospedar em um hotel na beira da estrada. Ali, conhece Norman Bates (Anthony Perkins), que lhe oferece algo para comer e lhe conta que vive junto com a mãe.

Depois da conversa, Marion volta ao seu quarto e decide tomar um banho. Nesse momento, temos uma das sequências mais famosas do cinema. Enquanto se banhava, Marion é atacada por Norman Bates, no momento em que ele está atormentado pela personalidade da mãe, e morre apunhalada com uma faca.

A sequência da cena dura um minuto e quarenta e cinco segundos e inclui cinquenta cortes. Para filmar as punhaladas, foram usadas setenta posições de câmera diferentes. Dizem que a cena durou uma semana inteira para ficar pronta.

Os cortes e a trilha sonora são fundamentais para reforçar o clima de suspense. Nosso olhar vai caminhando junto com a câmera, que mostra a vítima, suas mãos, seu rosto, seus pés, suas costas, seu sangue, o chuveiro, o topo do chuveiro, o jato de água, a cortina do chuveiro, a arma e o assassino. Com uma combinação de planos médios, mostrando Marion tomando banho e, em seguida, a chegada do assassino, o espectador vai sendo envolvido no clima de suspense que marca toda a cena. Logo depois, os planos que focalizam os detalhes do assassinato completam o horror que marca essa passagem do filme.

O clima de medo e horror vai sendo construído a partir de cada detalhe. Ao colocar a boca ou a mão de Marion em primeiro plano, Hitchcock consegue envolver completamente o espectador, nos levando a percorrer com ele cada emoção que toma conta da personagem. O corpo inerte, caindo agarrado à cortina, encerra com dramaticidade a cena, transformando “Psicose” em um marco do gênero de horror.

A trilha sonora de Bernard Herrmann reforça a sequência, aumentando ainda mais a sensação de desconforto, vulnerabilidade e violência.

Além do sucesso de bilheteria e de público, o filme ganhou diversas análises, muitas delas exploram questões psicanalíticas, analisando a relação entre mãe e filho, discutindo a psicose, abordando a vulnerabilidade da nudez.

Norman Bates vive uma relação doentia com a mãe, a quem ele matou por ciúme. A visão do cadáver da genitora escondido no porão, nos dá a dimensão da mente perturbada do personagem. O jovem taxidermista, de aparência vulnerável e insegura, recria a figura materna e, dominado por ela, mata Marion, tornando-se um dos mais intrigantes psicopatas da história do cinema.

A obra se tornou um marco cinematográfico por uma longa lista de motivos. Foi o primeiro filme a mostrar a imagem de um vaso sanitário, a apresentar assassinato e nudez de forma mais explícita. Além disso, tomou um rumo completamente diferente daquele que era esperado pelo público, já que imaginamos que o enredo vai girar em torno do roubo praticado por Marion e o que vai acontecer a partir disso, mas somos surpreendidos por sua morte, pela investigação sobre o seu desaparecimento e pela instabilidade psicológica que domina Norman Bates.

Outro aspecto que causa um grande impacto no espectador é a trilha sonora. Já na abertura, a música acelerada em tons agudos e estridentes do violino nos provoca a sensação de que algo ruim vai acontecer. Essa sensação se concretiza com a cena do chuveiro e o assassinato de Marion, momento em que, mais uma vez, a música é decisiva para a construção da atmosfera de horror que domina a cena.

Ao falar sobre o filme, Alfred Hitchcock disse: “Em Psicose, o tema me importa pouco, os personagens me importam pouco, o que me importa é que a montagem dos fragmentos de filme, a fotografia, a trilha sonora e tudo o que é puramente técnico conseguiam arrancar berros do público”. Sem dúvida, ele conseguiu explorar todos esses aspectos e produzir um clássico do cinema, que envolve o espectador e lhe produz frio na espinha.

Referências:

PSYCHO. Direção de Alfred Hitchcock. Shamley Productions, 1960. 109 min.

DUNCAN, Paul. “Alfred Hitchcock: o arquiteto da ansiedade”. Köln: Tashen, 2011.

REBELLO, Stephen. “Alfred Hitchcock e os bastidores de Psicose”. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013.

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