Simão e Teresa: um amor que leva à perdição
“Simão Botelho amava. Aí está uma palavra única, explicando o que parecia absurda reforma aos 17 anos. […] Da janela do seu quarto é que a vira a primeira vez, para amá-la sempre. Não ficara ela incólume da ferida que fizera no coração do vizinho: amou-o também, e com mais seriedade que a usual nos seus anos”. (Camilo Castelo Branco, “Amor de Perdição”).
Publicado em 1862, “Amor de perdição” é um dos livros mais conhecidos do escritor português Camilo Castelo Branco. Com um enredo semelhante ao de “Romeu e Julieta”, trata da trágica história de amor entre dois jovens que pertencem a famílias inimigas.
Simão e Teresa apaixonam-se à primeira vista. O jovem a vê pela janela e é arrebatado por um intenso sentimento, ao qual imediatamente Teresa corresponde. No entanto, diante de um forte conflito entre seus pais, a relação não é permitida, a mão de Teresa é prometida ao seu primo Baltasar e ela é enviada a um convento após sua recusa em aceitar esse casamento.
Simão fica escondido na casa do ferreiro João da Cruz, enquanto planeja resgatar Teresa do convento. Mariana, a filha de João da Cruz, apaixona-se pelo jovem estudante, mas, mesmo sabendo que seu coração jamais lhe pertenceria, o ajuda de todas as formas a comunicar-se com Teresa, tornando-se a portadora das cartas que o casal trocava.
A tragédia se intensifica quando Simão acaba matando Baltasar em um duelo. Assim, Simão será levado para a cadeia e Teresa ficará enclausurada em um convento.
Deste momento em diante, o livro será marcado pelo sofrimento do casal e também de Mariana, sempre solícita em relação aos pedidos de Simão, mas dilacerada pela dor de saber que nunca terá o seu amor. O ponto forte da obra serão as cartas trocadas entre Simão e Teresa, textos marcados pela dor, pela tragédia e pela certeza de que diante de toda a desgraça que se abateu sobre suas vidas, o único caminho possível seria a morte, conforme diz Teresa em uma de suas cartas: “Morrerei, Simão, morrerei. Perdoa tu ao meu destino… Perdi-te… Bem sabes que sorte eu queria dar-te… e morro, porque não posso, nem poderei jamais resgatar-te. Se podes, vive; não te peço que morras, Simão; quero que vivas para me chorares”.
Por intervenção de seu pai, Simão acaba sendo levado para o degredo na Índia. Ao receber a notícia, Teresa cai em tristeza profunda e acaba morrendo diante da dor imensa que a consome. Simão, também tomado de dor por saber que jamais veria a amada novamente, morre no navio e Mariana, já não vendo mais sentido em sua vida, atira-se ao mar e morre abraçada com o cadáver de Simão, encerrando, assim, a trágica história dos jovens que foram tomados por um amor tão intenso que os levou à perdição e à morte.
Referências:
CASTELO BRANCO, Camilo. “Amor de Perdição”. São Paulo: Vozes de Bolso, 2017.