Como foi o histórico encontro entre Malcolm X e Fidel Castro, no Harlem, em 1960
Duas figuras muito importantes na história do século XX, Fidel e Malcolm tinham em comum a luta anti-imperialista e críticas ao sistema capitalista norte-americano.
Em 1960, Fidel já tinha virado governante de Cuba, mas ainda não havia adotado o socialismo como modo de produção.
Uma reunião emergencial da ONU fez com que o líder cubano se locomovesse de Havana até Nova York para explicar o processo revolucionário e tentar alianças para garantir que embargos econômicos não ocorressem.
Lá, na maior cidade dos Estados Unidos, Castro foi colocado em um hotel de luxo e aconselhado a não sair de lá. Fidel, contrariando o conselho, resolveu ir conhecer lugares da cidade.
Malcolm, então, ficou sabendo que o governante estava na cidade. Ele entrou em contato com um jornalista que conseguiu negociar com um assessor cubano a ida de Fidel ao Harlem, bairro formado majoritariamente por negros, cubanos e porto-riquenhos.
Castro, ao ouvir a proposta, se empolgou. E X conseguiu vagas para o governante cubano e sua comitiva no Hotel Theresa.
Fidel Castro foi o primeiro chefe de Estado da história a se hospedar no Harlem. Não bastasse isso, o governante cubano ainda quis conhecer as casas das pessoas, mesquitas e foi a alguns bares escutar o famoso Jazz do Harlem.
Então, no dia 19 de abril de 1960, um pouco depois do horário do jantar, Malcolm se dirigiu ao quarto de Fidel Castro e os dois conversaram sobre a situação dos negros e latinos nos Estados Unidos, sobre o Imperialismo norte-americano e sobre planos e modos de operação da CIA, velha conhecida dos dois.
2000 membros da Nação Islã, grupo liderado por Malcom X, vigiavam o hotel. Houve conflitos entre membros da Igreja Batista e muçulmanos, visto que alguns cristãos já consideravam Castro como comunista e achavam que seu governo seria ateu.
Alguns jornalistas, que estiveram presentes no encontro, descreveram algumas partes da conversa:
Malcolm: “Você vai ver que as pessoas no Harlem não são tão vulneráveis à propaganda (anti-Cuba) que divulgam no centro da cidade.”
Fidel: “Sim – e eu admiro isso. Sei que a propaganda é capaz de influenciar as pessoas. Mas seu povo está aqui, convive o tempo todo com essa propaganda e, no entanto, eles entendem tudo. Isto é muito interessante.”
Malcolm: “Nós somos 20 milhões e sempre entendemos tudo!”
Referências
https://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/26/internacional/1443287618_546498.html
https://newrepublic.com/article/131793/castro-came-harlem