A barbárie de Queimadas: o estupro coletivo que chocou a Paraíba
Na longa lista de casos de violência contra a mulher que marcam o nosso país, um estupro coletivo praticado em Queimadas, na Paraíba, entrou para a história como uma terrível barbárie e assim ficou conhecido: a “Barbárie de Queimadas”.
Por mais inimaginável que possa parecer, um grupo de amigos decidiu dar um estupro de presente para o amigo que comemorava o aniversário.
Com a intenção de “presentear” o amigo, dez homens estupraram cinco mulheres e mataram duas delas na madrugada de 12 de fevereiro de 2012.
Conforme a investigação policial, os irmãos Luciano e Eduardo dos Santos Pereira chamaram os amigos para abusar sexualmente das mulheres que tinham sido convidadas para a festa de aniversário de Luciano.
Passava da meia noite, quando nove homens encapuzados entraram na casa onde estava ocorrendo a festa, espancaram e amarraram homens e mulheres. As pessoas pensaram que se tratava de um assalto, mas era uma ação planejada pelos anfitriões e seus comparsas. As mulheres que estavam ali foram levadas para um quarto e violentadas. Apenas duas foram poupadas. Mais tarde, a polícia descobriu que elas eram esposas de dois dos envolvidos.
Toda a ação fazia parte de um plano organizado por Eduardo Santos e do qual quase todos os homens presentes estavam cientes. A “comemoração” do grupo incluía violentar as convidadas como uma forma de realizar um fetiche sexual do aniversariante.
Era o plano perfeito, simular um assalto e violentar mulheres que tinham confiado nas pessoas que ali estavam e se divertiam numa festa sem nem imaginar que pudessem ser alvo de uma ação atroz como a que esses homens haviam planejado.
Houve, porém, uma falha no plano de Eduardo. A professora Isabela Pajuçara e a recepcionista Michelle Domingos reconheceram os estupradores. Diante disso, eles não tiveram dúvidas em executá-las a tiros.
O crime bárbaro chocou a cidade, especialmente porque entre os envolvidos havia membros de famílias influentes da região. Os acusados foram presos e a polícia apreendeu com eles armas de grosso calibre, drogas e dinheiro.
O caso ganhou repercussão nacional e diversos movimentos liderados por mulheres pressionaram para que os acusados fossem devidamente punidos. Em 2014, ocorreu o julgamento de seis envolvidos no crime. O julgamento aconteceu em João Pessoa para evitar que a justiça pudesse ser manipulada pela influência das famílias dos acusados. Seis homens foram condenados: Luciano dos Santos Pereira, Fernando de França Silva Júnior, Jacó Sousa, Luan Barbosa Cassimiro, José Jardel Sousa Araújo e Diego Rêgo Domingues. Eles receberam penas que variavam entre 26 e 44 anos de prisão.
Em setembro de 2014, o mentor dos crimes, Eduardo Santos, foi condenado a 108 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, cárcere privado, corrupção de menores, porte ilegal de armas e cinco estupros.
Os três adolescentes envolvidos cumpriram medidas socioeducativas no Lar do Garoto e foram colocados em liberdade algum tempo depois do crime.
Em 2020, Jacó Sousa passou para o regime semiaberto e foi assassinado dois meses depois de conseguir a liberdade condicional. A polícia não confirmou se a sua morte tem relação com o crime que cometera.
A Barbárie de Queimadas marcou para sempre a história da Paraíba, revelando a brutalidade de homens que não hesitaram em usar mulheres como objetos e as descartarem a partir do momento em que poderiam denunciar a atrocidade que tinham cometido.
Referências:
https://portalcorreio.com.br/barbarie-de-queimadas-paraiba-aciona-interpol-para-capturar-fugitivo/