A bizarra história do julgamento das Bruxas de Salem
O evento, considerado por historiadores como histeria coletiva, levou pessoas inocentes à forca e ajudou a instituir de vez a separação entre Estado e Igreja nos Estados Unidos
Todos nós já ouvimos falar sobre bruxas. Mas um episódio bastante conhecido, sobre o qual muitas pessoas ouviram falar, porém não conhecem a história, é o “julgamento das bruxas em Salem”
A história começa no final do século XVII, em 1692, no estado de Massachusetts. Ainda conhecido como Nova Inglaterra, os Estados Unidos viviam um conflito entre ingleses e franceses por domínios de território americano. Em um local com tantas guerras e confusão, um número grande de refugiados foi procurar asilo em cidades e condados fora da rota de confronto.
O encontro entre a população tradicional da cidade e os refugiados estranhos, passou a causar desavenças e foram esses conflitos que vão desembocar em um dos maiores absurdos jurídicos da história.
A história começa quando a filha de Samuel Parris, espécie de prefeito e líder religioso local, uma garota de 10 anos, começa a convulsionar e a ter ataques e delírios. Dois dias depois, outras crianças aparecem com os mesmos sintomas. Parris, então, procura um médico bastante conhecido na cidade. Eis que o doutor, que não conseguiu descobrir o que havia acontecido com as garotas, diz que foi algo do maligno, do sobrenatural.
Tendo essa informação e precisando dar respostas, Samuel pede para que burocratas investiguem quem poderia estar realizando bruxaria ou ter feito pacto com o tinhoso. Claro que sobrou para quem? Mulheres refugiadas que chegaram há pouco no local.
A primeira a ser presa e interrogada foi uma escravizada negra chamada Tituba. Em seguida, uma moradora de rua, cujo nome era Sarah Gold e uma idosa pobre chamada Sarah Osborne.
Acusadas de bruxaria elas foram torturadas e, rapidamente, confessaram que haviam realizado pacto com o demônio.
Uma das acusadas assinou uma confissão em que dizia que havia mais bruxas na cidade e que elas estavam ali para acabar com os puritanos e com a família e a igreja.
Com a informação, a histeria se espalhou. Além de outras pessoas estarem sofrendo do surto que acometeu as duas crianças, pessoas da cidade passaram a se acusar mutuamente. Tudo era motivo para falar que o outro cometia bruxaria.
Para tentar dar fim à histeria, o governador de Massachusetts na época, criou um tribunal especial para julgar as supostas bruxarias. A primeira pessoa a ser julgada foi Bridget Bishop, acusada por uma vizinha fofoqueira que não gostava dos barulhos que ela fazia à noite em sua casa. Quando a primeira mulher foi levada à forca, o tribunal não parou mais de condenar e acusar pessoas.
Homens e mulheres de todas as idades eram usados como testemunhas, chegaram a ouvir uma criança de 4 anos. O reitor da Universidade de Harvard chegou a escrever para o governador pedindo que parasse os julgamentos e não considerasse mais sonhos ou delírios como formas de testemunhos.
Ao final de dois anos de julgamentos, 56 pessoas foram condenadas, a maioria mulheres, 19 enforcadas, diversas mortas a pauladas e pedradas. E mais de 200 acusações foram levadas ao tribunal nesses 14 meses de duração.
Menos de 20 anos após o ocorrido, o governo de Massachusetts foi obrigado a pagar indenizações às famílias das vítimas do Estado. Historiadores contemporâneos afirmam que o evento foi decisivo para a separação entre Estado e Igreja e a racionalização e positivação das leis de processo penal nos Estados Unidos.
Além disso, hoje já se sabe que, provavelmente, os problemas de saúde das meninas que tiveram convulsão e delírio foram causados por uma espécie de fungo que nasce no centeio e trigo e pode causar confusão mental.
O episódio das Bruxas de Salem é bastante conhecido e explorado pelo cinema e indústria pop, e agora você já conhece essa incrível e bizarra história.
Referências
https://www.smithsonianmag.com/history/a-brief-history-of-the-salem-witch-trials-175162489/
https://www.britannica.com/event/Salem-witch-trials
The 1692 Salem Witch Trials
Salem Witch Trials
https://www.ushistory.org/us/3g.asp