Curiosidades

Corpos que falam: Os terríveis significados das tatuagens na prisão

Cravada nos corpos de presidiários brasileiros até o final dos anos 90, as tatuagens dizem muito sobre o encarcerado e os crimes que cometeu

A tatuagem é uma forma de comunicação muito importante no mundo do crime, principalmente nos presídios, onde é necessário, por conta do ambiente hostil, compreender bem rapidamente quem é o outro. Portanto, essas marcas nos corpos servem de fonte de informações que revelam a área de atuação do criminoso e sua periculosidade.

Faca na caveira, palhaços, carpas e uma série de outros desenhos transformam os corpos dos prisioneiros em cartões de visitas sinistros.
Durante quase 100 anos, as tatuagens de cadeia garantiram parte importante da convivência dentro do sistema penitenciário, já que, ao entrar, você já poderia saber com quem andar e fazer conchavos, apenas analisando os desenhos.

Boneco com corpo tatuado. O objeto é parte das pesquisas sobre o sistema carcerário paulista. (Museu do Crime da PC)

Porém, as tatuagens não mostravam apenas os méritos criminosos, mas também identificavam os párias do sistema, gente que bandido tinha carta branca para tratar mal e esculachar. É o caso da famosa gravura com a frase “Amor de Mãe”, que, geralmente, era feita à força e identificava estupradores ou autores de outros crimes sexuais, tipos de criminosos que, quando reconhecidos dentro da prisão, eram violentados sexualmente por outros detentos.

Normalmente, logo no primeiro dia de cela, na primeira violação, o estuprador era tatuado com a frase e essa marca permitia que qualquer presidiário pudesse abusá-lo e violentá-lo sexualmente a qualquer momento. Caso o estuprador arrumasse alguém para protegê-lo, poderia tatuar o nome de seu protetor que, se fosse poderoso, evitaria novas violações.
Durante muito tempo, essa foi a tatuagem mais terrível que alguém poderia ostentar dentro de uma penitenciária.
No final dos anos 90, as facções criminosas proibiram o estupro dentro dos presídios e os criminosos sexuais não circulam mais entre os presos “comuns”.
Atualmente, as instituições, desde os primeiros dias, enviam os criminosos sexuais para o seguro, ou setor amarelo, lugar onde ficam detentos ameaçados de morte.

Referências –

RAMALHO, José Ricardo. “O Mundo do Crime a Ordem pelo Avesso. São Paulo: Editora Graal, 2002.
Museu do Crime da Polícia Civil
SOUZA, Percival de. “O Prisioneiro da Grade de Ferro”. São Paulo: Traco, 1983.

Please follow and like us: