Túmulo, sangue, sirenes, choros e velas: a História de Racionais MCs
O grupo de Rap revolucionou a música brasileira e levou milhões de jovens a reconhecerem suas identidades como periféricos
Em 1988, nascia, no sul de São Paulo, distrito do Capão Redondo, o grupo de Rap Racionais MC’s. Os quatro integrantes, Mano Brown, Ed Rock, Kl-Jay e Ice Blue, revolucionaram a história da música negra brasileira, abrindo espaço para a explosão do RAP paulista no início dos anos 90 do século passado.
Ao longo da história da música brasileira, a periferia ecoava artisticamente a voz de seus habitantes, majoritariamente, através do Samba, pouquíssimos ritmos eram capazes de traduzir as formas de interações das populações moradoras da periferia e sua relação com o Estado e demais classes sociais. Foi quando a pegada RAP e Funk se instalou em São Paulo e Rio de Janeiro, a música negra invadiu as periferias dos grandes centros no início dos anos 80 e fez nascer o fenômeno do Rap Paulista, na figura principal do grupo Racionais MC’s.
A partir de letras ácidas que escancaravam a violência policial, o racismo, o mundo do crime e a luta do pobre contra o sistema, a banda Racionais representou a voz de uma geração inteira. Seus discos, “Raio-x do Brasil” e “Sobrevivendo no Inferno” tiveram profundo impacto nas periferias brasileiras, chegando a alcançar até os aparelhos de som da classe média. Os integrantes do grupo ganharam o respeito de todas as quebradas brasileiras, são ouvidos e admirados nas mais diversas áreas urbanas e até rurais do país .
Músicas como “Racionais Capítulo Quadro Versículo Três”, “Diário de um Detento”, “Fórmula Mágica da Paz”, “Fim de Semana no Parque”, “Um Homem na Estrada”, Nego Drama”, viraram clássicos, influenciaram a literatura marginal e entraram no imaginário popular. As gírias popularizadas pelas canções do grupo adentraram a linguagem cotidiana não só do paulistano, mas de muitos brasileiros. Em seus shows, arrastavam uma multidão de jovens que se viam representados através do microfone dos cantores.
Quase trinta anos após a fundação, o grupo continua com a mesma formação e na ativa, compondo, tocando e cantando, e ainda são considerados o maior sucesso de rap da história brasileira, tendo seu disco mais famoso, “Sobrevivendo no Inferno”, entre os 20 melhores discos das história da música brasileira.
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