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O Rei do Tráfico: A verdadeira história de Fernandinho Beira-mar

Considerado um dos maiores traficantes de drogas da história do Brasil, Luiz Fernando da Costa, conhecido como Fernandinho Beira-Mar, nasceu em 4 de julho de 1967 na comunidade da Beira-Mar, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

Filho de uma faxineira negra que faleceu quando ele era criança, Fernandinho teve uma infância difícil, sendo criado por parentes na própria favela sem qualquer contato com o pai.

Na década de 1980, logo aproximou-se do mundo do crime, integrando pequenas quadrilhas que praticavam furtos e roubos. Sua inteligência e ambição o fizeram projetar ações ousadas, como o roubo de um arsenal do exército, o que resultou em sua primeira prisão ainda adolescente.

]Ao sair da cadeia, percebeu que seu futuro estava no lucrativo mercado das drogas, que começava a ser dominado pelo Comando Vermelho (CV) no Rio de Janeiro.

De volta à Beira-Mar, Fernandinho logo assumiu o controle do tráfico local, inaugurando uma nova era. Incomodado com a dependência das drogas que chegavam pelo CV, decidiu empreender e abrir novas rotas de importação direto da fonte, a princípio estabelecendo contatos na cidade paraguaia de Capitán Bado, onde conheceu a poderosa família Morel, com forte atuação no tráfico internacional. Sua inteligência para negociar e liderança carismática fizeram com que ganhasse a confiança dos traficantes estrangeiros.

A partir da década de 1990, Fernandinho dominou totalmente o processo de abastecimento das favelas cariocas. Criou novas rotas terrestres e aéreas para trazer cocaína da Bolívia, Colômbia e Peru de forma mais segura e barata, transportando grandes cargas semanalmente. Além disso, estabeleceu contatos diretos com facções guerrilheiras colombianas como as FARC, vendendo-lhes armas pesadas em troca de proteção e apoio no tráfico. Sua atuação chegou ao ápice, movimentando cifras de até US$ 240 milhões por mês.

Agora não apenas chefe na Beira-Mar, Fernandinho reinava sobre boa parte do mercado das drogas no Rio de Janeiro. Todos os traficantes recorriam a ele nas horas difíceis, sabendo que “quando faltava pó, Fernandinho tinha estoque”.

Sua influência também se estendia para o submundo dos presídios cariocas, onde promovia rebeliões e assassinatos de rivais, como a queima do traficante Uê dentro de Bangu 1 em 2002. Fora da cadeia, não hesitava em torturar e matar desafetos, como o jovem estudante Joelma Nascimento em 1999.

No final dos anos 1990, intensa busca da polícia brasileira e estrangeira levou Fernandinho à clandestinidade. Mas sua influência continuou mesmo foragido, comandando ações do tráfico de dentro de presídios de máxima segurança por onde passou. Capturado na Colômbia em 1999, foi extraditado e condenado no Brasil, acumulando mais de 120 anos de prisão. Mesmo recluso, continuaram surgindo rumores de que ainda comandava ordens do interior do sistema penitenciário.

Atualmente com mais de 50 anos, Fernandinho Beira-Mar cumpre pena isolado em um Presídio Federal, onde estuda Teologia à distância. Sua história de vida marcou época e eternizou seu nome como o maior traficante de drogas da história do Rio de Janeiro, um gênio do crime que reinventou os caminhos do narcotráfico e deixou um legado de poder e crueldade difícil de ser superado. Sua saga continua gerando mistério e suas façanhas dentro e fora da prisão fizeram dele um símbolo do submundo carioca.

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