Biografias

A trajetória de Lélia Gonzalez, a mulher negra que mudou a história do feminismo no Brasil

Conheça a emocionante e poderosa história de Lélia Gonzalez, a filósofa, escritora e militante que contribuiu para a reflexão sobre o papel e condição da mulher negra no Brasil. Suas contribuições alteraram e pautaram muitas lutas do movimento negro.

Lélia Gonzalez foi uma filósofa, antropóloga, professora, escritora e militante do movimento negro e feminista. Nascida em Belo Horizonte, em 1º de fevereiro de 1935, ela foi a penúltima filha de uma família composta por treze irmãos, cujos pais eram um operário e uma empregada doméstica.

Vivendo com poucos recursos, Lélia se viu obrigada a trabalhar desde cedo, tendo atuado como babá e empregada doméstica. Em 1942, mudou-se para o Rio de Janeiro, pois um de seus irmãos havia sido contratado para jogar no Flamengo. No Rio, passou todo o resto de sua vida e, apesar das dificuldades, conseguiu concluir o Ensino Médio no Colégio Pedro II. Formou-se em História, Geografia e Filosofia, fez mestrado em Comunicação e doutorado em Antropologia Política, atuou como professora da educação básica e do ensino superior, tornando-se uma importante voz dentro do movimento negro e nos estudos acerca da constituição da identidade negra no Brasil.

Em 1982, publicou, em coautoria com Carlos Hasenbalg, a obra “Lugar de negro”. Em 1987, publicou o livro “Festas populares no Brasil”, além disso, deixou uma série de artigos e ensaios nos quais abordava a questão do racismo, do sexismo e da importância de se criar uma teoria do feminismo negro brasileiro e de um pensamento social do brasileiro.

Lélia também teve uma atuação de destaque na criação de coletivos e movimentos voltados para a reflexão e a luta do negro no Brasil, sendo uma das responsáveis pela criação do Movimento Negro Unificado (MNU), em 1978, e criando o primeiro Curso de Cultura Negra na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV).

Analisando os movimentos feministas, Lélia Gonzalez percebeu que eles reproduziam o racismo tão enraigado em nossa sociedade e passou a buscar uma construção de um movimento que compreendesse as demandas e necessidades da mulher negra, defendendo a descolonização do feminismo.

A intelectual defendia também a produção de textos de fácil compreensão, de modo que pudessem promover a conscientização de um número cada vez maior de pessoas. Para ela, era preciso reconhecer a influência indígena e africana na construção da língua falada no Brasil, assim, ela cunhou o termo “Pretuguês” para referir-se a essa “africanização” do português falado no país e discutiu como a língua está relacionada ao poder e pode ser um espaço de discriminação racial e exclusão social.

Lélia Gonzalez faleceu no Rio de Janeiro, em 10 de julho de 1994, mas deixou importantes trabalhos acerca de questões identitárias e relações de raça e gênero, questionando o mito da democracia racial e buscando a construção de uma identidade negra. Conforme ela afirma em um depoimento de 1988: “A gente não nasce negro, a gente se torna negro. É uma conquista dura, cruel e que se desenvolve pela vida da gente afora. Aí entra a questão da identidade que você vai construindo. Essa identidade negra não é uma coisa pronta, acabada. Então, para mim, uma pessoa negra que tem consciência de sua negritude está na luta contra o racismo”.

Atualmente, a obra de Lélia Gonzalez ainda é pouco conhecida, embora haja um grande esforço do movimento negro em publicar seus textos e dar mais visibilidade ao legado deixado por essa grande pensadora que foi pioneira na reflexão acerca da importância de fazer com que os negros deixassem de ser objeto de análise e se tornassem sujeitos do conhecimento, fazendo suas vozes serem ouvidas e ocupando todos os lugares sociais aos quais tinham direito.

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Referências:

CARDOSO, Claúdia Pons. Outras falas: feminismos na perspectiva de mulheres negras brasileiras. Tese de Doutorado. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2012.

GONZALEZ, Lélia. Entrevista. O Pasquim. São Paulo, n. 871, p. 8-10, 1986. Entrevista concedida a Jaguar.

http://www.letras.ufmg.br/…/ensaistas/1204-lelia-gonzalez. Acesso em: 01/02/2020.

BARRETO, Raquel. “Uma pensadora brasileira”. Revista Cult, 03 de julho de 2019.

Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/lelia-gonzalez-perfil/. Acesso em: 01/02/2020.

BARRETO, Raquel. “O racismo sob olho crítico de Lélia Gonzalez”.

Disponível em: https://www.suplementopernambuco.com.br/…/2230-o…. Acesso em: 01/02/2020.

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