De antídoto de cobra à vacina para Covid: a bela e importante história do Instituto Butantan
Conhecido internacionalmente como um centro de excelência na produção de soros antipeçonhentos, o Instituto Butantan é um importante centro científico brasileiro. Além dos soros imunoterápicos, utilizados para combater veneno de serpentes, aranhas e escorpiões, os laboratórios do Instituto produzem vacinas em larga escala, tendo um papel fundamental nas campanhas de vacinação promovidas pelo SUS.
A sua origem data de 1899, momento em que um surto de peste bubônica se espalhava pela cidade de Santos e o governo paulista se viu diante da necessidade de criar um laboratório no estado de São Paulo que pudesse produzir soro antipestoso. A Fazenda Butantan, então, foi desapropriada e o laboratório foi construído no local, localizado no bairro Butantã, em São Paulo.
Inicialmente, ele era vinculado do Instituto Bacteriológico, atual Instituto Adolfo Lutz. Mas, em fevereiro de 1901, tornou-se uma instituição autônoma e recebeu o nome de Instituto Serumtherápico. O médico Vital Brazil foi escolhido como o seu primeiro diretor. O trabalho desse importante médico sanitarista foi primordial para o desenvolvimento de soros antiofídicos e para o reconhecido internacional que o Brasil ganhou nesse quesito.
Cerca de uma década depois de sua criação, ele passou a ser chamado de Instituto Butantan e construiu uma história determinante para os rumos da saúde pública do país, se tornando o nosso principal produtor de medicamentos imunobiológicos.
A área do Instituto é composta pelo Hospital Vital Brazil, uma biblioteca, um macacário, um serpentário e unidades de produção de biofármacos, além de parques e museus, o que faz com que o Butantan tenha também um importante papel turístico na cidade de São Paulo.
Em 1914, foi inaugurado o Prédio Central do Butantan, posteriormente chamado de Edifício Vital Brazil. Essa obra permitiu a expansão dos setores de pesquisa e produção, ampliando as atividades realizadas pelo Instituto.
Atualmente, o Butantan fabrica 15 variedades de soros antepeçonhas, seis tipos de vacinas simples e combinadas contra tétano, difteria, coqueluche, tuberculose e raiva e o Anti CD3, usado na prevenção de rejeições em cirurgias de transplante.
O sucesso no cumprimento de seus objetivos, entretanto, foi alcançado apesar das dificuldades financeiras e do baixo investimento que ele recebeu em diversos momentos de sua história. Até 1984, os soros eram produzidos de forma artesanal. Essa situação só melhorou quando foi criado o Centro de Biotecnologia, que permitiu a automatização da produção e a ampliação de sua linha de medicamentos. Assim, o Butantan passou a produzir vacinas contra a meningite C e hepatite B, a toxina bolutlínica e biofármacos, como a eritropoetina, utilizada por pacientes que esperam por um transplante renal, e o surfactante pulmonar, empregado no combate à síndrome de imaturidade pulmonar.
Em 2009, o Butantan se tornou responsável pela produção de vacina contra a gripe H1N1, exercendo um papel essencial nas campanhas nacionais de vacinação. No ano de 2010, o Instituto sofreu uma grande perda. Um incêndio atingiu o Prédio das Coleções e mais de 70 mil espécimes de serpentes e 450 mil espécimes de artrópodes foram destruídas. Parte do que foi perdido ainda não tinha sido catalogado, o que gerou um imenso prejuízo para as pesquisas nessa área.
Com a chegada do Coronavírus ao Brasil, o Instituto Butantan tem se destacado na produção da vacina CoronaVac, realizada em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Os resultados dos testes apontaram para uma eficácia de 78% e para uma proteção de 100% contra mortes, casos graves e internações, trazendo esperança a muitos brasileiros de que a vacina produzida pelo Butantan possa ser o caminho para o combate à pandemia no país.
Referências:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392002000400011
http://butantan.gov.br/institucional/historico
FONSECA, F. “Instituto Butantã. Sua origem, desenvolvimento e contribuição ao progresso de São Paulo”. São Paulo em Quatro Séculos. São Paulo, Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, v.2, 1954.