Voto impresso, fraude? A história da cidade que votou em Eudes Mattar achando que era Lula
Em 1989, foi realizada a primeira eleição presidencial direta após mais de duas décadas de Ditadura Militar. Muitos políticos, entre eles Leonel Brizola, Lula, Fernando Collor, Ulysses Guimarães e até Silvio Santos tentaram o cargo à presidência. Ao final, cerca de duas dúzias de candidatos se inscreveram e foram aprovados pela justiça eleitoral.
O resultado dessa quantidade de candidatos foi uma cédula enorme.
No período, o Brasil tinha mais de 30 milhões de analfabetos e era a primeira vez que eles poderiam votar.
Com a abertura das urnas no primeiro turno, os responsáveis pela apuração na pequena Esperantina, no Piauí, reduto histórico petista, marcou Lula como vencedor. Até aí nenhuma novidade, pois a cidade era marcada pela preferência pelo PT. No entanto, Eudes Marrar, um engenheiro candidato por um partido nanico, PLP, ficou em segundo lugar no município.
A princípio, ninguém entendeu nada. Mas depois, olhando com mais cuidado, a justiça eleitoral percebeu o que ocorreu. Lula e o PT, pensando no voto dos analfabetos, aproveitaram que o nome do candidato era o primeiro da cédula para orientar seus eleitores com condição de não leitores. A propaganda do PT dizia: “Para votar em Lula, era só marcar um ‘X’ na primeira opção da cédula”. Os mesários da pequena Esperantina entregaram muitas cédulas de ponta cabeça, e quem era o último nome do papel? Eudes Mattar, que ninguém conhecia.
Eudes teve aproximadamente 160 mil votos, mesmo com 6 segundos de propaganda na TV e sem dinheiro para a campanha.
Não se sabe até hoje quantos desses votos foram de fato de Eudes ou repetiram o feito da pequena Esperantina, no Piauí.
Referências:
http://memoria.bn.br/pdf/030015/per030015_1989_00222.pdf
GUILHERME, Cásio Augusto. “A eleição de 1989: direita x esquerda”. Revista Urutágua – Revista Acadêmica Multidisciplinar. Universidade Estadual de Maringá (UEM). N. 34, junho-novembro, Ano 2016.