A história de Nair, passista fundadora da Mangueira, que morreu sambando na Avenida
Criadora da primeira ala feminina da Escola, o velório de Nair foi um dos cortejos mais tristes e significativos da história do samba carioca.
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“Nair de mangueira, jongueira da laiá / Que saudades de você / Cadê, cadê?”, com esses versos de Alcione, escritos em homenagem a Nair Pequena, relembramos a história da passista fundadora da Mangueira que morreu sambando no dia 11 de fevereiro de 1970.
No dia da morte de Nair Pequena, a Mangueira participava do Desfile das Campeãs. A escola tinha ficado em terceiro lugar naquele ano. Tudo corria bem, até que Nair teve um mal súbito e foi levada para o hospital.
Os integrantes da escola ainda estavam na passarela quando receberam a notícia da morte de sua passista. Consternados pela dor da perda, a bateria parou, o presidente da Mangueira anunciou o ocorrido e os componentes da escola seguiram o trajeto tomados pela tristeza que se tornava ainda mais dilacerante diante do toque de um surdo treme treme, único instrumento que era tocado durante o cortejo fúnebre em que se transformou o desfile após a perda de uma das fundadoras da escola.
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Juvenal Portela, presidente da Mangueira naquela época, anunciou pelo microfone que não poderiam seguir o desfile sem Nair. Conforme suas palavras: “ela começou esse desfile conosco, e só a morte a retirou da escola”.
Conhecida como Nair Pequena, Nair dos Santos foi uma das fundadoras da Mangueira, em 1928. Ela foi a responsável pela criação da primeira ala feminina da escola, a Ala das Cozinheiras e tornou-se conhecida por seu destaque na ala das baianas. Ela era pastora e muito querida e respeitada na comunidade do Morro da Mangueira. Era uma das responsáveis pelo preparo das feijoadas em comemoração aos títulos de sua escola de samba.
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Seu funeral foi marcado por profunda dor, a mesma que tomou a passarela do samba na qual Nair Pequena morreu sambando. Enterrada em cova rasa no Cemitério do Caju, seu caixão foi coberto com a bandeira da Mangueira e carregado, dentre outras pessoas, por Jamelão e Cartola. Era o derradeiro desfile de Nair Pequena, acompanhado por cerca de 2,5 mil pessoas e marcado por muitas lágrimas e tristeza.
Nair morreu sambando e até hoje é lembrada por muita gente da Mangueira. Sua morte em pleno desfile causou grande emoção e rendeu-lhe diversas homenagens, transformando a alegria do samba em um cortejo fúnebre, marcado por lágrimas, aplausos da arquibancada e o som do surdo que dava o ritmo dos passos de seus companheiros da escola, os quais, agora, teriam que seguir sem seu talento na passarela e sem a sua influência na comunidade e na vida de todos aqueles que a admiravam.
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Referências:
https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/18821/1/2015_JamilleMamedBomfimCocentino.pdf
https://blogs.oglobo.globo.com/blog-do-acervo/post/dirigentes-da-mangueira-relembram-nair-pequena-passista-que-morreu-sambando-em-desfile-da-escola-ha-50-anos.html
http://guiadoscuriosos.uol.com.br/curiosidades/perguntas-curiosas/carnaval/escolas-de-samba/12-curiosidades-sobre-escolas-de-samba-do-rio-de-janeiro/