Garganta Profunda: os abusos e violências contra mulher do maior filme pornô da história
O longa é considerado um marco de mudança para a história da pornografia mundial.
O filme foi uma das primeiras obras pornográficas em audiovisual a ter uma trama, desenvolvimento de personagens e valores altos de produção. Inclusive alterando o conceito de obscenidade em tela. Antes dessa obra, a pornografia em vídeo, nos Estados Unidos, era completamente renegada socialmente e leis duras impediam que filmes mostrassem conteúdo explícito. Seu diretor, Gerard Damiano, tirou dinheiro do próprio bolso para completar a façanha.
“Garganta Profunda” se tornou cult, não apenas alterando a cultura sexual dos Estados Unidos, mas se tornando um grande evento da cultura pop. Se transformou em dos filmes mais lucrativos da história do cinema mundial, gastando 25 mil dólares na produção e faturando aproximadamente 20 milhões ao fim de 1972, ano de lançamento.
A conta não termina aí, o período de lançamento coincidiu com a popularização dos aparelhos videocassetes, as vendas de Deep Throat impulsionaram de vez a hoje gigante indústria pornográfica americana, pois o sucesso do filme incentivou outros produtores.
A premissa da história segue Linda, uma mulher infeliz, que já tentou de tudo em termos de sexo, porém jamais conseguiu atingir o orgasmo. Frustrada e sem outra alternativa, ela consulta o Dr. Young, que enfim descobre o seu problema: o clitóris de Linda localiza-se no fundo de sua garganta e agora ela deve encontrar um pênis grande o bastante para penetrar-lhe bem fundo no sexo oral, proporcionando o tão esperado orgasmo.
Além do sucesso do filme, um outro fato causou enorme polêmica: a atriz principal Linda Lovelace denunciou durante anos que se sentiu violentada e abusada nos momentos da filmagem e que foi obrigada a gravar as cenas sob ameaça dos produtores e do parceiro. Linda se sentiu estuprada e nunca mais se recuperou psicologicamente. A equipe de produção sempre negou o ocorrido, tentando transformar a fala da vítima em conspiração.
Mesmo com a negação dos homens da equipe, sabe-se que os abusos eram reais. Linda chorava ao gravar algumas cenas, chegou a ser filmada em estado de choque, tendo que fazer sexo contra a vontade, sendo estuprada constantemente em dias de gravação, sem poder dizer um “A” sequer.
A prática da “forçação” foi mais uma das heranças deixadas pelo filme. As ações usadas com Lovelace se repetem com frequência sobre o corpo feminino na indústria pornográfica. Essa violência até hoje é uma marca, um terrível legado deixado por essas primeiras produções.