Crimes

O brutal crime contra a pequena Araceli. Um exemplo de impunidade Durante a Ditadura Militar

O Caso Araceli foi um crime que chocou o país e escancarou a impunidade que a Ditadura Militar garantia a famílias poderosas do país.

Araceli Cabrera Sánchez Crespo era uma menina de 9 anos de idade que foi assassinada violentamente e covardemente, em 1973.

Araceli e Família

A garota era filha de uma boliviana e proveniente de uma família muito pobre. Ela morava em Serra e estudava em Vitória, no Espírito Santo. Com muito custo a família da garota tentou mantê-la na escola para dar-lhe um futuro melhor. Na época, Araceli era deixada no colégio pela mãe. Que todos os dias preparava sua lancheira e lhe dava um beijo. Logo após deixar a filha, a genitora ia para seu trabalho como costureira em uma fábrica na grande Vitória.

O sinistro crime tem início quando a mãe de Araceli não conseguiu deixá-la na porta da escola e pediu para que uma vizinha a levasse. No caminho a garota foi sequestrada e não apareceu no lugar onde estudava. No dia 18 de maio de 1973, a mãe de Araceli compareceu à delegacia para noticiar o sumiço da filha. A princípio, por causas xenófobas, a polícia não deu muita atenção. Mas dois dias depois a mãe procurou jornalistas e a história explodiu na mídia. Provocando a ação dos policiais.

Os sequestradores, em posse de Araceli, mantiveram a garota presa por dois dias, na laje de um bar. Segundo o processo, eles a teriam dopado e lacerado a dentadas os seios, parte da barriga e a vagina da menina. Além do estupro teriam torturado ela com cordas e outros instrumentos cortantes.

Foto de Araceli

Seu corpo foi encontrado seis dias após o ocorrido, em um terreno baldio. A perícia constatou que a garota havia sido estuprada por dias. E para dificultar a identificação, os assassinos desfiguraram seu corpo com ácido.

Com o andamento das investigação a polícia passou a ter dois suspeitos: Os acusados e principais do crime, Paulo Constanteen Helal e Dante Michelini, eram pertencentes a famílias influentes do Espírito Santo, do ramo da construção civil e alimentação. No período, vivíamos no Brasil o auge da Ditadura Militar e osso país dos dois tinham contatos muito importantes no Palácio do Planalto. Lola Sanchez, a mãe da pequena vítima, lutou com as forças que podia para tentar levar os acusados à justiça. Porém, era apenas uma mulher pobre e bolivianaclutando contra pessoas poderosas. Aos poucos a mídia foi abandonando a cobertura do caso e a acusação foi esfriando. Porém, alguns jornalistas encamparam uma campanha e bancaram as investigações do próprio bolso.

O corpo de araceli é achado por policiais

O fato, então, voltou a ganhar repercussão e os dois acusados foram condenados pelo crime em 1980. Porém, um novo júri os absolveu um pouco depois. No momento em que se esfriou novamente a polêmica.

Há um consenso de que os acusados pelo crime foram absolvidos, pois eram membros de famílias poderosas da cidade de Vitória. Famílias que apoiavam os militares e auxiliaram em operações contra grupos de esquerda. Já Araceli era filha de uma pobre imigrante boliviana.

Posteriormente, a data da morte de Araceli foi transformada no Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes pelo Congresso Nacional.

Reportagem da época mostra o pai de Araceli reconhecendo o corpo da menina

Referências

LOUZEIRO, José. “Aracelli, Meu Amor”. São Paulo: Prumo, 2013.

https://jus.com.br/amp/artigos/80112/a-impunidade-do-caso-araceli

https://cdhpf.org.br/noticias/18-de-maio-o-caso-araceli/

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