O terrível assassinato de Lucas Terra, um dos crimes mais bárbaros da história do país
Ocorrido no seio de uma igreja Universal, os detalhes do caso, ocorrido em 2001, fazem o sangue gelar
O garoto, de 14 anos, foi abusado sexualmente e queimado ainda vivo. Os acusados eram lideranças religiosas da igreja na qual a vítima congregava.
Lucas Terra, um garoto de 14 anos de idade, era frequentador assíduo da Igreja Universal do Reino de Deus, localizada no bairro Rio Vermelho, em Salvador, Bahia. Garoto bom, educado e convicto de sua religião, auxiliava nas atividades cristãs e frequentava o templo fora dos horários de culto. Com a demonstração de interesse pelo sacerdócio, Lucas virou uma espécie de auxiliar dos líderes religiosos da casa.
No começo da noite do dia 21 de março de 2001, o garoto ligou para o pai e avisou que iria dormir na igreja, pois estava ajudando o pastor e terminaria o trabalho bem tarde.
Foi a última vez em que Carlos Terra, genitor de Lucas, falou com o filho. O corpo do garoto foi encontrado, queimado, dois dias depois, dentro de um caixote em um terreno baldio, em uma das avenidas da cidade.
O crime abalou a cidade. Em poucos dias, o noticiário reservou 80% do tempo para falar sobre o caso.
Após as primeiras investigações, a polícia e o Ministério Público acusaram o pastor da IURD e, posteriormente, mais dois outros líderes da congregação de serem autores do crime. Segundo peça do Ministério Público, que foi aceita pela justiça, Lucas já sofria assédios do líder religioso e, no dia do crime, o garoto teria visto um ato sexual entre dois membros importantes da igreja. Ao verem que Lucas tinha presenciado a situação, os acusados resolveram matá-lo. Mas antes, abusaram sexualmente de Lucas e depois atearam fogo em seu corpo. Segundo laudo pericial, a vítima morreu queimada, de forma extremamente dolorosa.
Após o início do julgamento, uma série de situações transformaram o caso em uma grande amostra da impunidade e da força que poderosas instituições tem em nosso país.
A principio, o pastor era o único acusado. Após novas investigações, a justiça acusou os outros dois líderes. As partes recorreram em todas as instâncias possíveis. Julgamentos foram realizados, anulados e prorrogados. Em um desses recursos, um dos Ministros do STF anulou a condenação de dois dos três réus.
Em 2019, 18 anos após o crime, apenas um dos acusados foi condenado e, no momento, responde em liberdade, tendo ficado preso pouco tempo. Os outros dois irão a júri popular, mas também aguardam o julgamento em liberdade. O crime prescreve no final de 2021.
O pai de Lucas, José Carlos Terra, faleceu em fevereiro de 2019. Cansado, ele tentou de tudo para ver a justiça sendo feita. O genitor liderou manifestações, acionou órgãos internacionais de Direitos Humanos e escreveu carta para a ONU. A justiça determinou o pagamento de uma indenização de 2 milhões de reais à família da vítima, o débito foi quitado pela Igreja Universal do Reino de Deus.
P.S: Optamos por não colocar o nome dos acusados no texto. Mas, em todo o caso, os nomes e detalhes podem ser conferidos nas abundantes referências publicadas. Inclusive, a peça do Ministério Público e o Recurso dos réus, que estão disponíveis publicamente. Também indicamos o livro, escrito pelo pai de Lucas.
Referências:
http://www.eunanet.net/enn/revistaeunanet/clamor-social/?3/caso-lucas-terra
https://www2.unifap.br/mariomendonca/files/2011/10/Carta.pdf
Documentário sobre o caso:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Caso_Lucas_Terra
https://www.mpba.mp.br/noticia/48226
Peça do Ministério Público e Apelação:
Peça e Recurso:
http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15339116906&ext=.pdf
