O Caso Daniella Perez. O assassinato a sangue frio que chocou a população brasileira no início dos anos 90
Atriz promissora, filha de autora de novela, frequentadora do meio artístico, Daniella foi morta covardemente pelo próprio colega de trabalho e sua esposa
Na história recente do Brasil, muitos foram os crimes que chocaram o país e, frequentemente, são rememorados em função da sensação de impunidade que eles trazem consigo ou da aparição pública dos criminosos.
Dentre esses crimes, ganha destaque mais uma vez, o assassinato da atriz Daniella Perez, ocorrido no Rio de Janeiro, em 28 de dezembro de 1992.
Na época, a atriz estava com 22 anos e era uma das protagonistas da novela “De corpo e alma”, escrita por sua mãe, Glória Perez. O crime chocou todo o país, não só pelo grau de violência com que foi praticado como pelo autor do assassinato ter sido seu colega de elenco, o ator Guilherme de Pádua.
O corpo de Daniella Perez foi encontrado num matagal, próximo a uma rua deserta da Barra da Tijuca. A jovem tinha saído de uma gravação da novela e sofreu 18 golpes de um objeto cortante, identificado inicialmente como uma tesoura e, depois, como um punhal. Duas facadas no tórax e uma no pescoço tiraram a sua vida e puseram fim a uma carreira que começava a alçar o sucesso.
A investigação policial foi rápida e contou com uma testemunha que anotou as placas dos carros vistos no local. Assim, Guilherme de Pádua e sua esposa na época, Paula Thomaz, foram identificados como os responsáveis pelo assassinato, gerando muita comoção e revolta popular, especialmente porque Guilherme de Pádua chegou a comparecer à delegacia para prestar solidariedade à família de Daniella Perez, momentos depois do brutal assassinato.
Em janeiro de 1997, o juiz José Geraldo Antônio condenou Guilherme de Pádua a 19 anos de prisão. Em maio, Paula Thomaz foi condenada a 18 anos e meio. Condenados por homicídio duplamente qualificado com motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima, os dois cumpriram apenas seis anos da pena em regime fechado, o que gerou muita discussão a respeito da legislação brasileira.
A repercussão gerada pelo crime e a intensa atuação de Glória Perez, no entanto, fizeram com que houvesse uma alteração na legislação, incluindo o homicídio qualificado na Lei de Crimes Hediondos. Desse modo, esse tipo de crime não permite mais o pagamento de fianças e impõe que seja cumprido um período maior da pena em regime fechado antes de ocorrer a progressão para o semiaberto.
Ainda que os assassinos de Daniella não tenham entrado nessa mudança, a alteração na lei foi um passo importante na legislação brasileira.
Atualmente, Guilherme de Pádua é pastor da Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte, onde vive com sua atual esposa, a estilista Juliana Lacerda.
Paula Thomaz adotou o nome de Paula Nogueira Peixoto, formou-se em Direito, casou-se com um advogado e vive no Rio de Janeiro. O terrível crime que cometeram, entretanto, continua bem vivo na memória de muitos brasileiros e a sensação de impunidade é sempre relembrada por aqueles que consideram que o tempo em que estiveram em regime fechado foi ínfimo diante da violência do assassinato que cometeram.