O Fenômeno do Surf Ferroviário
A prática perigosa que levou muitos brasileiros à morte durante os anos 80 e 90
Ao longo dos anos 80 e 90, nos grandes centros urbanos, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, jovens desenvolveram uma atividade bem perigosa: andar em cima do trem, arriscando a vida, desviando de fios elétricos de alta tensão e barras de ferro, em posição de surfista.
A falta de oportunidades de trabalho, estudo e serviços básicos fornecidos pelo estado, bem típicos das últimas duas décadas do século XX, geravam uma espécie de tédio e desocupação sistemática nos jovens, principalmente das periferias dessas duas grandes capitais. Acredita-se que a prática, chamada de esporte pelos praticantes, surgiu no início dos anos 80 e atravessou até a década de 90. O Surf ferroviário deu bastante trabalho às autoridades policiais e de defesa civil, pois era muito difícil conter os surfistas.
Segundo os praticantes, a descarga de adrenalina era uma sensação nunca antes experimentada. Essas pessoas eram chamadas de “surfistas de trem”, e o perigoso “esporte” ficou conhecido como surf ferroviário.
No início da década de 90, a prática ficou tão comum que o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro chegou a tirar um corpo eletrocutado por semana de cima do transporte de trilhos. O Governo do Estado do Rio também chegou a criar um departamento de polícia para cuidar exclusivamente dos surfistas e de suas condutas.