O Crime da Mala
O terrível crime que chocou a sociedade brasileira durante os anos 20 e que fomentou as primeiras leis de proteção à mulher
Giuseppe Pistone e sua esposa Maria Fea eram dois imigrantes de origem italiana. O casal residia em São Paulo e tentava a vida na cidade que, até os anos 30, ainda não era a grande metrópole que conhecemos hoje.
Trabalhando na casa de salames e vinhos de seu primo Franceso Pistone, em São Paulo, Giuseppe recebe uma proposta de sociedade na empresa de Francesco. Sem o capital necessário para concluir o negócio, envia um telegrama para a Itália, pedindo à sua mãe, Marcelina Baeri, um valor equivalente a 150,000 contos de réis, parte de uma herança deixada por seu pai. Mesmo diante da recusa da mãe, aceita a proposta do primo, pretendendo mais tarde extorqui-lo, através de chantagens, inventando que o parente tinha uma amante.
A esposa de Giuseppe descobre os planos do marido e resolve escrever à sogra contando toda a verdade. Pistone descobre as intenções de Maria Fea, eles brigam e ele a sufoca com um travesseiro. Desesperado ao ver que havia matado a mulher, cortou os pés e o pescoço de Maria e colocou o corpo dentro de uma mala. Fazendo uso de documentação falsa, ele envia o corpo como bagagem em um navio, com destino à França.
No dia 7 de outubro de 1928, a mala é içada a bordo de um navio, então atracado no Porto de Santos. Ao ser descarregada, ela sofre um pequeno impacto, que abre uma fresta na parte inferior e revela um forte mal cheiro. A bagagem é aberta e o cadáver, em avançado estado de decomposição, descoberto. Junto com ele, além de algumas roupas da vítima (quinze pares de meia, duas almofadas, duas camisolas, duas saias comuns, uma saia com anágua, um chapéu) e a navalha utilizada no delito, estava o feto de uma menina, com aproximadamente seis meses de gestação.
O crime da mala mexeu com o imaginário popular em São Paulo, foi tema dos principais jornais brasileiros e alcançou fama mundial. Com a repercussão, o governo da época decretou ordens explícitas para que as delegacias dessem prioridade aos casos de violência doméstica e seus desdobramentos, práticas até então impensáveis. Até hoje, quase 90 anos depois do crime, a história ainda arrepia a espinha de muita gente.
Referências:
http://www.justificando.com/2015/02/19/da-serie-julgamentos-historicos-o-crime-da-mala/
https://piaui.folha.uol.com.br/materia/a-morte-na-mala/
http://memoriasantista.com.br/?p=4352