A mulher que mudou a história das Olimpíadas: A fenomenal trajetória de superação de Gabrielle Andersen
A atleta que mostrou a força da mulher para vencer barreiras, muitas vezes, aparentemente, intransponíveis
A Maratona é uma prova que teve sua origem lá na Grécia Antiga. A corrida sempre foi símbolo de superação, pois marcou o desespero do Grego Fidípedes, o qual após correr 42 km, consegue dar o aviso às famílias gregas de que sua nação venceu a guerra contra os persas, evitando, dessa forma, um suicídio coletivo, que as mulheres cometeriam caso os inimigos subjugassem os gregos. Após cumprir a missão, o corredor, consumido pela exaustão, caiu morto.
Resgatando essa história, os Jogos Olímpicos da modernidade criaram a prova da maratona, onde atletas devem correr 42 km até a linha de chegada. A primeira prova foi realizada no final do século XIX e, por quase 90 anos, apenas homens podiam participar. Os organizadores achavam que mulheres não conseguiriam terminar a corrida.
A história mudou em 1984, quando, após muitos protestos e burocracia, o COI (Comitê Olímpico Internacional) instituiu a modalidade feminina nos jogos de Los Angeles.
Dentre as competidoras, estava a suíça Gabrielle Andersen, que conseguiu, com muito custo, vaga na final do esporte.
Após percorrer 40 km, Andersen foi acometida por uma crise de hiponatremia (queda vertiginosa do sódio no sangue), provavelmente pela falta de reposição isotônica e o forte calor do dia. A atleta teve problemas cardiovasculares que alteraram as funções motoras e cerebrais nos dois quilômetros finais da prova, para piorar a situação, ela teve câimbras nas pernas e nos braços.
Após correr 500 metros, com velocidade bem abaixo do seu potencial, a crise tomou conta de todo o corpo da atleta, transformando sua performance em um sofrimento terrível. A imagem daquele corpo todo torto se esforçando para continuar na raia, transformou a história do esporte.
O sonho da vida de Gabrielle era terminar a maratona, como ela tinha 39 anos, não teria a oportunidade de competir novamente. Na época, os atletas eram proibidos de receber atendimento médico e continuar na prova. No desenrolar da maratona, já como uma das últimas colocadas, a cena da atleta tentando se esforçar para chegar ao final, fez com que o público, médicos, organizadores, se esquecessem das três primeiras colocadas e voltassem os olhos para Andersen, a qual cambaleava, causando aflição no público, pois devido às câimbras e à crise cardiovascular, ela parecia que poderia cair ou até mesmo morrer a qualquer momento. Mas a persistência da atleta levantou o público, que através de palmas e gritos incentivava a suíça.
Ao final, com muito custo, força de vontade e um esforço sobre-humano, Andersen completou o percurso, despencou nos braços da equipe médica e entrou para a história do esporte, das mulheres e da humanidade, como a atleta que superou o que parecia insuperável.