A história de Zumbi, maior símbolo de resistência negra
Não há consenso entre historiadores de como tenha sido a biografia de Zumbi. Porém, ao longo dos anos, essa figura foi transformada em símbolo da resistência negra. O que se sabe da história, contaremos neste texto.
Acredita-se que Zumbi nasceu no Brasil, nasceu em 1655, na Serra da Barriga, em Quilombo dos Palmares, capitania de Pernambuco, atual União de Palmares.
Aos seis anos de idade, foi aprisionado pela expedição do bandeirante branco Brás da Rocha Cardoso e entregue aos cuidados do Padre Antônio Melo, foi batizado com o nome de Francisco e educado segundo os preceitos cristãos, se tornando auxiliar do religioso. Zumbi aprendeu desde cedo a organizar missas e as liturgias da igreja católica. Aos 10 anos, já era fluente em
português e latim, com 16 anos, conseguiu regressar ao lar, em Palmares, onde encontrou seu tio Ganga Zumba, principal líder do Quilombo. Aguerrido e com características de um grande líder, Zumbi aos poucos foi galgando posições até chegar ao posto de principal responsável militar pela resistência negra contra as investidas portuguesas.
Contrariando Ganga Zumba, que visava um acordo de paz com os donos do poder em Pernambuco, Zumbi se opõe ao tio e inicia uma guerra interna dentro do Quilombo. Após a morte de Zumba, especula-se que foi envenenado por adversários ligados a Zumbi e sua esposa Dandara, Zumbi se torna líder máximo de Palmares e inicia uma campanha de resistência às investidas portuguesas em terras palmerinas. O líder treinou um exército especialista no domínio territorial, técnicas de capoeira, camuflagem e uso de lanças.
Apesar das intensas investidas portuguesas, a resistência organizada por Zumbi durou aproximadamente 14 anos. Palmares era uma região quase do tamanho de Portugal, que abrigava mais de 30 mil pessoas. Os negros resistentes, que habitavam a localidade, eram vistos como uma população endemoniada, preguiçosa, que fugiu para os Quilombos não em busca de liberdade, mas para escapar do trabalho.
Em 1694, uma expedição com muitos homens, organizada e liderada por Domingos Jorge Velho, conseguiu finalmente adentrar Palmares e derrotar as tropas de Zumbi. O líder negro conseguiu fugir, mas foi capturado um ano depois e morto no dia 20 de novembro de 1695. Para servir como exemplo, foi decapitado e teve sua cabeça salgada e enviada para Recife, capital de Pernambuco, onde foi exposta em praça pública, como um símbolo da consequência gerada por enfrentar a majestade portuguesa, os donos de engenho e grandes escravistas.
A data de sua morte foi adotada pelo Brasil como dia da Consciência Negra e Zumbi se tornou um forte símbolo do empoderamento negro no Brasil e de resistência e luta contra o racismo.
Mesmo com movimentos conservadores tentando, a partir de novas releituras sobre a vida do líder, desqualificar seus feitos através de apontamentos de falhas éticas e de fatos interpretados de forma anacrônica, Zumbi ainda povoa o imaginário popular e é inegavelmente o maior nome negro da nossa história.
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Referências
Santos, José Rufino. “Zumbi”. Rio de Janeiro: Global Editora, 2006.