Crimes

Máfia, Política, Mortes, Chacinas: A história das Milícias do Rio de Janeiro.

Conheça a origem e trajetória dos grupos criminosos que, atualmente, se configuram como uma das maiores ameaças à Segurança Pública Fluminense.

A formação e o crescimento das milícias são fenômenos que passaram a ocorrer durante os anos 70 e 80 no Rio de Janeiro. A história dessas organizações começa com a chamada “polícia mineira”, grupos de extermínio, formados por policiais, que cobravam taxas de moradores da Baixada Fluminense para manter as comunidades fora da rota do tráfico de entorpecentes, que se estabelecia nas regiões pobres do Rio na mesma época.

Homem morto pelo Esquadrão da Morte

O estabelecimento dessas milícias foi se construindo durante três décadas e sua ascensão, como principais dominadoras dos territórios fluminenses, se deu durante o final dos anos 90 e primeira década dos anos 2000, principalmente na cidade do Rio de Janeiro e na região da Baixada Fluminense.

Matéria sobre a Liga da Justiça, grupo mais famoso do início dos anos 2000

Formadas, em sua maioria, por ex-policiais, ex-bombeiros e ex-militares do exército, esses grupos criminosos passaram a dominar os territórios que o poder público tirava das mãos dos traficantes.

A princípio, a filosofia desses grupos era realizar a “proteção” da comunidade para que traficantes não iniciassem novamente suas vendas, porém, com o passar do tempo, as milícias foram controlando sistemas ilegais de jogatina, venda de gás, instalação de serviços de TV e telefone (gatonet), serviço de recolhimento de lixo, agiotagem e, até mesmo, transporte coletivo.

Mapa mostra em azul os pontos que as Milícias dominam no Rio de Janeiro

Além de dominar as comunidades pobres, esse tipo de grupo tem características peculiares em comparação às facções do tráfico, pois as milícias apoiam, lançam candidaturas, fazem parcerias e compram políticos. Portanto, a estrutura é mais parecida com os grupos mafiosos italianos do que propriamente com as facções criminosas como PCC e Comando Vermelho.

Nos últimos 10 anos, essas milícias entraram em guerras sangrentas inúmeras vezes, pois os grupos cresceram de uma forma tão exponencial que acabaram uns adentrando no espaço dos outros. E, como tudo se trata de dinheiro, a perda de espaço para explorar a população, resulta em uma guerra sangrenta, tanto contra os rivais, como contra os que ousam se opor aos seus poderes.

Carlinhos três pontes, ex-policial civil

Atualmente o Rio de Janeiro conta com mais de 60 grupos que se denominam como parte da milicia. Ao longo das duas últimas décadas esses grupos conseguiram eleger centenas de candidatos. E transformaram as eleições em caso de polícia. O estado virou um dos locais que mais mata ou atenta contra a segurança de candidatos e políticos eleitos.

Inclusive, esses grupos continuam em ascenção, elegendo pessoas em âmbito nacional, deixando uma perspectiva de um futuro cinzento e tenebroso.

Galera, quem quiser conhecer o assunto mais profundamente, indicamos essa obra. É muito interessante e completa

Referências:

ZALUAR, Alba. “Juventude violenta: processos, retrocessos e novos percursos”. Revista Scielo. vol.55 nº.2 Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext…

ZALUAR, Alba e CONCEIÇÃO, Isabel S. “Favelas sob o Controle das Milícias no Rio de Janeiro: Que Paz?”. São Paulo em Perspectiva, vol. 21, no 2. 2007. pp. 89-101.

ABSTRACT: ALVES, J. C. S. Baixada Fluminense: the violence in the construction ofRio de Janeiro periphery. Rev. Univ. Rural, Sér. Ciênc. Hum., v. 19/21, n. 1-2, p. 11- 20.-

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