O Caso Elza Fernandes, a jovem assassinada pelo Partido Comunista do Brasil
Elvira Cupello Colônio era ainda uma adolescente quando se apaixonou por Antônio Maciel Bonfim, secretário geral do PCB, cujo codinome era Miranda. A jovem morava em Sorocaba e acompanhava as reuniões do Partido Comunista por causa de seu irmão Luiz.
Completamente apaixonada, Elvira assumiu o codinome Elza Fernandes e foi para o Rio de Janeiro morar com Miranda. Em janeiro de 1936, com apenas 16 anos, ela foi presa junto com seu namorado por causa da Intentona Comunista.
Elza vinha de uma família pobre, era analfabeta e tudo o que sabia sobre o Partido era o que ouvia nas reuniões das quais participava. Embora atuasse levando cartas para os membros do PCB, não sabia o teor das cartas e foi liberada da prisão, conseguindo, inclusive a autorização para visitar Miranda na cadeia.
Os membros do Partido, entretanto, passaram a desconfiar da jovem. Luís Carlos Prestes achava que ela havia sido instruída pela polícia para se tornar uma delatora infiltrada. Em sua segunda visita a Miranda, Elza trouxe um bilhete no qual ele pedia que cuidassem dela, mas a mensagem foi interpretada pelos companheiros de partido como uma prova de que ela realmente era uma traidora e de que o bilhete havia sido escrito pela polícia.
Prestes determinou, então, que ela fosse eliminada. Ela foi levada para uma casa na Zona Oeste do Rio de Janeiro, na qual passou pelo “Tribunal Vermelho”, sendo submetida a uma série de interrogatórios. Embora a decisão não tenha sido unânime, Prestes determinou a execução da jovem. Ela foi levada para uma casa na Estrada do Camboatá, no Rio de Janeiro, e ali, após servir um café para os homens que julgava como companheiros de Partido, foi sufocada por Francisco Lyra e seu corpo foi enterrado no quintal da casa.
Em 1940, integrantes do PCB foram presos e confessaram o crime, assim, o corpo de Elza foi encontrado e exumado. Luís Carlos Prestes foi acusado e julgado pela morte de Elza. Condenado a 30 anos de prisão, ele foi anistiado em 1946. Até hoje, a morte da jovem permanece quase desconhecida, sendo um crime do qual pouco se fala, como se quisessem mantê-lo escondido para sempre debaixo do tapete.
Referências:
GORENDER, Jacob. “Combate nas trevas”. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2014.
RODRIGUES, Sérgio. “A garota esquecida”. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.