Conheça o revoltante caso da Escola Base
A lamentável situação de injustiça é considerada o maior erro de imprensa da história do Brasil
Os meios de informações, como a imprensa, têm a responsabilidade social muito importante. Mas, esses meios, muitas vezes, erram e podem causar a destruição da vida de pessoas comuns. Um desses inúmeros casos aconteceu em 1994, na cidade de São Paulo, e ceifou a vida profissional e pessoal dos envolvidos no escândalo produzido pela desinformação publicada por jornais do Brasil inteiro.
Escola Base foi um colégio particular, focado na educação infantil, localizado no bairro da Aclimação, na cidade de São Paulo. Em março de 1994, seus proprietários, o casal Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, a professora Paula Milhim Alvarenga e seu esposo Maurício Monteiro de Alvarenga foram injustamente acusados pela imprensa de abuso sexual contra alguns alunos da escola.
A acusação foi realizada por algumas mães, depois que um dos alunos disse em casa que sabia como um homem fazia sexo com uma mulher, pois ele já havia visto. As mães consideraram que os filhos só poderiam ter visto essas coisas dentro da escola.
Sem conversar com os gestores do colégio e sem ao menos investigarem de forma minimamente aprofundada a questão, as matriarcas entraram com notícia crime contra os donos da escola. O assunto caiu nas redações da imprensa como uma bomba. Um grande jornal do estado publicou a história das mulheres e as outras redações reproduziram o conteúdo sem averiguar a veracidade.
A imprensa realizou o julgamento antes da justiça. Os proprietários da escola foram caçados por justiceiros e tiveram suas vidas destruídas em consequência das falsas condenações publicadas nos principais jornais do país.
Alguns meios de comunicação passaram a inventar que alunos eram abusados sexualmente dentro das dependências do colégio e que os donos e profissionais tocavam nas crianças e colocavam filmes de sexo para que elas assistissem. Até o perueiro que carregava os estudantes sofreu ataques e quase foi linchado.
Em poucos dias, foi aberto inquérito investigativo, que rapidamente indicou que as crianças nunca sofreram abusos no colégio e, após alguns meses, os proprietários foram absolvidos de todos os crimes dos quais foram acusados, não havia evidências, nem provas de delito praticado, inclusive a polícia descobriu que o comportamento do aluno foi decorrente de um vídeo pornográfico que havia visto na casa de um colega.
Os direitos de resposta, concedidos pela justiça, pararam nos rodapés das páginas dos jornais e a imprensa não deu a mesma atenção para a absolvição dos acusados.
O colégio fechou, a vida dos proprietários acabou, pois no tribunal popular eles nunca foram absolvidos. O caso, até hoje, é estudado nas faculdades de jornalismo do país, e ainda transitam na justiça os devidos processos indenizatórios.
Referências:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp037871.pdf
http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-54622019000100019