A história de William Dorsey Swann, o ex-escravizado que se transformou na primeira drag queen da história dos Estados Unidos
Conheça a história de William Dorsey Swann, o ex-escravizados que se transformou na primeira drag queen da história dos Estados Unidos
William Dorsey Swann nasceu em Maryland, nos Estados Unidos, por volta de 1858. Escravizado, enfrentou o trabalho pesado, o racismo e a violência que marcavam a vida de quem vivia nessas condições.
Quando alcançou a sua liberdade, por volta de 1880, Swann se tornou a primeira drag queen da história. Ficando conhecido por suas performances e pelos bailes que organizava, nos quais ex-escravizados se reuniam para dançar e desfilar com suas vestes exuberantes.
Suas atividades levaram William Swann diversas vezes para a prisão. Em 1888, juntamente com um grupo de homens vestidos de mulheres, foi levado para a delegacia. Acusado de “representação feminina”, Swann enfrentou os policiais e, aos gritos, conseguiu fazer com que muitos dos que o acompanhavam saíssem livres. Segundo o pesquisador Channing Gerard Joseph, responsável por organizar um livro a respeito da vida de William Dorsey Swann, entre seus amigos, ele era conhecido por “Queen”, tornando-se a primeira pessoa a se autodenominar “drag queeen”.
Em 1896, ele foi condenado a 10 meses de prisão, acusado de comandar um bordel. Swann exigiu o perdão do presidente Grover Cleveland, o que lhe foi negado. No entanto, entrou para a história ao tomar medidas legais e políticas para defender o direito da comunidade de drag queens de se reunir sem sofrer repressão policial.
As reuniões de homens negros, trajando vestidos de seda ou caxemira, sapatos de salto e espartilhos, eram anunciadas com escândalo pelos jornais da época, e arruinavam reputações daqueles que eram encontrados com eles durante as batidas policiais. Ao mesmo tempo, causavam fascínio em psiquiatras interessados em compreender a sexualidade humana. Em 1893, o Dr. Charles Hamilton Hughes qualificou o grupo de Swann como uma “organização de erotopatas coloridos” e uma “gangue lasciva de pervertidos sexuais”, já o Dr. Irving C. Rosse os definiu como “um bando de homens negros com características andróginas”.
Esse interesse tornava cada vez mais difícil manter os encontros em segredo, por outro lado, permitia que mais pessoas se integrassem ao grupo, cujas reuniões eram marcadas por canções e danças folclóricas, bailes de máscaras e muita seda e brilho.
Mantendo seu grupo como uma verdadeira família, William Swann foi pioneiro na luta pelos direitos da comunidade que formara. Por volta de 1900, ele se aposentou, mas seu irmão, Daniel J. Swann, seguiu seus passos e se tornou um dos principais fornecedores de fantasias para drags, marcando para sempre o nome de sua família no movimento de drag queens negras dos Estados Unidos.
Além do sonho de liberdade alcançado no momento em que se tornou um homem livre, Swann encampou a luta pela liberdade de expressão, pela arte e pela possibilidade de se reunir com seu grupo e realizar suas performances sem sofrer violência policial e perseguição. Se ser drag queen é reinventar a si e aos que o circundam, William Swann foi capaz de se reinventar diversas vezes, deixando para trás sua condição de escravizado e reafirmando seu direito de realizar seus shows e se reunir com sua comunidade sem ser tratado como um criminoso por causa disso.