Patrícia Acioli: o caso da mulher que morreu ao enfrentar a banda podre da PM do Rio de Janeiro
Patrícia Lourival Acioli nasceu em Niterói em 14 de fevereiro de 1964. Ela se formou em Direito na Universidade Estadual do Rio de Janeiro e iniciou a sua carreira como defensora pública na Baixada Fluminense. Em dezembro de 1992, ingressou na Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e, em 1999, se tornou juíza na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. Ela também atuou como professora de Direito Civil no Centro Universitário Augusto Motta.
Mas foi a sua atuação como juíza que a tornou conhecida e acabou também por provocar a sua morte. Conhecida como uma profissional corajosa e determinada, ela lutava para que as leis fossem efetivamente cumpridas, combatia a violência policial e a corrupção de agentes públicos, o que fez com que recebesse diversas ameaças de morte.
Patrícia Acioli chegou a andar com uma escolta de três policiais entre os anos de 2002 e 2007, porém os agentes que a escoltavam foram transferidos e ela acabou ficando sem qualquer proteção.
Conhecida por agir com muito rigor, Acioli ganhou visibilidade na mídia ao condenar policiais acusados de liderar grupos de extermínio e de forjar autos de resistência no município de São Gonçalo.
Autos de resistência são os registros feitos por policiais quando a voz de prisão não é cumprida e os suspeitos passam a ameaçar a vida dos policiais. Muitos desses registros ocultam os excessos cometidos pelos agentes da lei, que acabam exterminando suspeitos e cometendo diversos abusos de poder e se ancoram nos autos de resistência para não serem punidos.
Esse tipo de conduta criminosa passou a ser um dos alvos da juíza Patrícia Acioli. Em janeiro de 2011, ela decretou a prisão de seis policiais do 7º Batalhão da Polícia Militar. Eles foram denunciados por homicídios em casos que, inicialmente, haviam sido registrados como morte em confronto com policiais.
Suas ações a tornaram um alvo das milícias que começavam a dominar o Rio de Janeiro naquela época e, na noite de 11 de agosto de 2011, a juíza Patrícia Acioli foi assassinada com 21 tiros quando retornava para a sua casa, no bairro de Piratininga, em Niterói.
Seu carro foi alvejado por dois motociclistas mascarados. Ela morreu ali mesmo, sem qualquer possibilidade de resistência. A perícia constatou que as balas pertenciam ao 7º Batalhão da Polícia Militar de São Gonçalo. Sua atuação firme no combate ao envolvimento de policiais no crime organizado custara-lhe a vida.
Conforme a Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, dois policiais militares foram os responsáveis pelos disparos que causaram a morte de Patrícia Acioli: o cabo Sérgio Costa Júnior e o tenente Daniel Benitez Lopes, eles teriam agido a mando do tenente-coronel Cláudio Oliveira.
Onze policiais foram condenados por envolvimento na morte da juíza. O ex-comandante do 7º Batalhão da PM, Claudio Luiz Silva de Oliveira recebeu a maior pena. Ele foi condenado a 36 anos de prisão por ter sido considerado o mentor do crime.
Patrícia Acioli deixou três filhos. Eles estavam em casa no momento em que a mãe foi executada e, mesmo com as condenações dos culpados por sua morte, ainda carregam a dor da perda e o trauma que o assassinato da mãe lhes provocou.
Referências:
https://veja.abril.com.br/brasil/mais-dois-pms-sao-condenados-pela-morte-de-juiza-no-rio/