História do Mundo

Deus acima de tudo e Satanás governando a todos


Por que as religiões têm a capacidade de implantar ditaduras fundamentalistas e isso é extremamente perigoso?

Segundo o filósofo Yuval Noah Harari , em seu livro “Sapiens”, uma das principais características que diferencia os seres humanos de outros animais, e que garante a nossa existência e sobreposição sobre outras espécies, é a capacidade de cooperação em grandes escalas. São ideias, comportamentos de grupo e coesão nas práticas de preservação grupal. Foi por conta desses fatores que privilegiamos o desenvolvimento da linguagem, que usamos nossa energia para desenvolver o cérebro e menos o corpo.

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Fundamentalistas cristãos nos Estados Unidos


A religião é, certamente, uma das primeiras práticas de cooperação em grande escala. Seus rituais, desenvolvidos em parceria com o instinto e a cultura, têm a capacidade de canalizar o irracional e fazer as pessoas agirem na realidade, sob a égide de uma ideia.
Deus e Deuses e a ética religiosa podem, ao mesmo tempo, trabalharem para a preservação de um grupo ou para a sectarização ou extinção de outros. Muitas vezes, o bem e o mal dependem da forma como o discurso é construído e quais as intencionalidades.

Mercado de Escravas Sexuais gerenciado pelo Estados Islâmico, em Sanjai, Iraque. Segundo a interpretação do grupo, eles podem vender mulheres


Quando a religião se mistura ao Estado, temos duas formas muito eficientes e poderosas de implantar cooperação. O Estado, com a força da violência, legitima, e a religião, com a força da influência na alma humana, na espiritualidade, no mágico, no transcendental, reforça aquilo que o Estado prega. A religião é o alto-falante da voz de Deus e, é por conta dessa habilidade de dominar grupos, de construir discursos fortes capazes, de fazer as pessoas cooperarem, que o fundamentalismo religioso tenta, historicamente, se apossar dos meios violentos civis. Em momentos de crise, quando as pessoas perdem a credulidade no sistema humano de organizar a sociedade, exércitos e Igrejas começam a dialogar ideologicamente. Todo soldado é um cruzado, todo líder religioso é chefe de um grupo e tem condições de fazer cada membro cooperar.

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Quando esses fatores se misturam, práticas culturais críticas vão sendo suprimidas, a memória vai sendo apagada, as resistências vão sendo ceifadas. Ideias como Direitos Humanos, Liberdade e Igualdade, que são pilares da cooperação racional e laica, vão sendo desgastadas dia após dia.

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A fé continua como a única esperança de um povo perdido. Essa fé, aliada a fuzis, é a mistura bombástica para que um país, uma localidade, um grupo, possam se sobrepor e implantar um terrível mal. Um governo de Deus na terra controlado com práticas que nem o Diabo teria coragem de implantar

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