Ícone do site Iconografia da História

A trajetória de Leonel Brizola, um dos mais importantes líderes políticos do Brasil

Segundo o professor João Trajano Sento-Sé, Leonel Brizola foi um político que despertou paixões, sendo ao mesmo tempo amado, temido e odiado. Sempre que se fala em Brizola, uma gama de adjetivos vai surgindo para caracterizá-lo: populista, agitador, caudilho, incitador das massas, comunista, legalista, golpista, nacionalista, líder carismático e tantos outros termos foram usados para fazer referência ao político que entrou para a história do Brasil como um homem de posições fortes e principal herdeiro do trabalhismo de Getúlio Vargas durante a redemocratização do país.

Leonel Brizola nasceu em 22 de janeiro de 1922, na pequena cidade de Cruzinha, atualmente chamada de Carazinho, no Rio Grande do Sul. Batizado como Itagiba de Moura Brizola, ele adotou o nome Leonel em homenagem ao líder caudilho Leonel Rocha, figura que ele imitava na infância.

Filho de um pequeno agricultor, Brizola teve seu pai assassinado durante a Revolução de 1923. Ele foi alfabetizado por sua mãe e, em 1949, formou-se na Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 1950, casou-se com Neusa Goulart, irmã de João Goulart.

Leonel Brizola começou a interessar-se por política ainda na juventude. Em 1945, filiou-se ao PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), sendo eleito deputado estadual dois anos depois. Em 1954, foi eleito deputado federal como recorde nacional de votos.

No ano de 1956, elegeu-se prefeito de Porto Alegre, tendo como mote de sua campanha “Nenhuma criança sem escola”. Em 1958, ele foi eleito governador do Rio Grande do Sul e manteve a educação como uma de suas principais pautas de campanha. Em seu governo, promoveu campanhas de alfabetização e ampliou o número de escolas públicas no Estado. Além disso, passou a combater as multinacionais que monopolizavam a energia elétrica da região de Porto Alegre e criou a Companhia Estadual de Energia Elétrica.

Brizola criou o primeiro projeto de reforma agrária do país, distribuindo mais de 600 lotes, inclusive os de sua fazenda, para agricultores que sonhavam com o próprio pedaço de terra.

No ano de 1961, após a renúncia de Jânio Quadros, Brizola lança a Campanha da Legalidade, visando garantir a posse do vice-presidente João Goulart. Ele usou a sede do governo gaúcho para denunciar a possibilidade de um golpe militar, organizou comitês paramilitares e incentivou que a população pegasse em armas se isso fosse necessário para defender a democracia.

Leonel Brizola durante a Campanha pela legalidade

Depois de doze dias, Goulart assumiu a presidência do país e Brizola partiu para o exílio no Uruguai, já que, logo depois, foi dado o golpe militar de 1964 e ele passou a ser visto como um inimigo do regime.

Em seu exílio, ele viveu no Uruguai, nos Estados Unidos e em Portugal e só retornou ao Brasil em 1979, quando a lei de anistia entrou em vigor.

Chegada de Leonel Brizola ao aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, após 15 anos no exílio.

Após regressar, fundou o PDT (Partido Democrático Trabalhista) e se fixou no Rio de Janeiro. Em 1982, candidatou-se ao governo do Rio de Janeiro e venceu a eleição. Logo depois, teve uma importante participação na campanha pelas Diretas Já.

Seu principal legado no governo carioca foi a construção de Centros Integrados de Educação Pública (CIEP), nos quais oferecia ensino em tempo integral, assistência médica e odontológica aos estudantes. Para ele, somente a educação poderia promover uma revolução social.

Leonel Brizola disputou pela primeira vez as eleições presidenciais em 1989, ficando em terceiro lugar. Ele saiu novamente como candidato em 1994 e como vice de Lula em 1998. Em, 2000 tentou a prefeitura do Rio de Janeiro, perdeu a eleição e, em 2002, tentou o Senado, mas também não obteve sucesso. Ele morreu no dia 21 de junho de 2004, vítima de um infarto.

Até hoje é considerado um dos mais importantes políticos brasileiros, despertando amor e ódio e muitos debates acerca de seu papel na política brasileira.  

Referências:

SENTO-SÉ, João Trajano. Brizolismo. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo/FGV, 1999.

FREIRE, A. A razão indignada: Leonel Brizola em dois tempos (1961-1964 e 1979 –2004). Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1ª Edição; 2016.

HARRES, Marluza Marques. Rio Grande do Sul: governo Leonel Brizola e a questão agrária no início da década de 1960. In: Anos 90: Revista de Programa de Pós-Graduação em História/UFRGS, IFCH. Porto Alegre, v. 18, n. 33, p. 99-127, jul. 2011.

Please follow and like us:
Sair da versão mobile