A impotência sexual sempre foi um temor masculino. Não conseguir manter uma ereção é algo que até hoje soa para muita gente como um grande problema de masculinidade, como se isso indicasse um fracasso para qualquer homem.
Além dos remédios caseiros, a medicina buscou formas de auxiliar quem sofre de disfunção erétil. Durante muito tempo, a saída para esse problema foi o uso de bombas de vácuo, injeções no pênis, supositórios e implantes.
Essa situação mudou quando a Pfizer descobriu uma pílula milagrosa, que poderia resolver esse mal que atormenta tantos homens. O Viagra surgiu por acaso. Em 1994, os pesquisadores Nicholas Terret e Peter Ellis testavam o Citrato de Sildenafila como base para um remédio para angina, uma doença cardíaca, e perceberam que um de seus efeitos colaterais era o aumento da irrigação sanguínea no pênis, a partir da potencialização do óxido nítrico.
Essa descoberta levou os pesquisadores Peter Dunn e Albert Wood a investirem na sintetização do composto em uma pílula. Assim, em 27 de março 1998, a FDA regulamentou o primeiro remédio para impotência nos Estados Unidos. Seu sucesso foi imediato. Nas duas primeiras semanas de comercialização no país, 150 mil receitas foram registradas para o Viagra. Logo depois, ele se espalhou para diversos outros países, tornando-se a forma mais prática e eficaz de combater a disfunção erétil.
Embora fosse comprado com certo constrangimento nas farmácias, fazendo com que os clientes tivessem a preocupação de afirmar que estavam levando “por curiosidade” ou que era “para um amigo”, rapidamente, o medicamento alcançou um sucesso estrondoso, se tornando uma grande fonte de renda para o laboratório Pfizer, dando origem a remédios similares de outros laboratórios, como o Cialis e Levitra, e se tornando uma mina de ouro para falsificadores.
O sucesso do medicamento fez com que ele deixasse de ser usado apenas por homens que sofriam de disfunção erétil, e passasse a ser usado também de forma recreativa, principalmente por jovens que queriam melhorar seu desempenho sexual, garantindo ereções mais duradouras. Segundo os pacientes, o Viagra melhora a qualidade do orgasmo e aumenta o desejo sexual, sendo uma fonte garantida de prazer e satisfação pessoal.
A promessa de que o remedinho azul torna qualquer homem super potente na cama, tem gerado preocupação entre especialistas, principalmente porque, em alguns casos, o uso recreativo acaba gerando uma dependência e homens jovens já não conseguem mais manter uma ereção sem fazer uso do “santo remedinho”.
Apesar da preocupação que o uso descontrolado e sem indicação médica provoca, é fato que o Viagra se tornou um medicamento extremamente lucrativo. Suas vendas anuais, em mais de 110 países, chegam a 1,5 bilhões de dólares. Segundo dados da Pfizer, mais de 24 milhões de homens já fizeram uso desse medicamento nos quatro cantos do mundo.
No Brasil, em 2010, houve a quebra de patente do Viagra e um medicamento genérico passou a ser produzido, o que permitiu que ele fosse vendido por um preço bem menor e se tornasse mais acessível.
Em um mundo em que um pênis ereto ainda é um dos símbolos máximos da virilidade masculina, em que “brochar” é um temor que assombra homens das mais diversas idades, o Viagra e seus similares se tornaram a arma para garantir o bom desempenho na cama e atestar a masculinidade de quem dele faz uso.
Referências:
https://www.revistasauda.pt/saudeAZ/Pages/SaudeAaZ.aspx?article=3286