O polêmico e misterioso crime que terminou na morte de duas pessoas e teve como consequência o endurecimento da Ditadura Militar foi colocado, durante muitos anos, na conta de movimentos de esquerda. Os acusados pelo atentado diziam que a ação foi fruto de pessoas infiltradas que visavam endurecer o Regime.
O atentado ocorreu no dia 26 de julho de 1966, no Aeroporto dos Guararapes, em Recife, Pernambuco. Artur da Costa e Silva, então chefe do exército, viajava para o estado para participar de uma reunião da SUDENE.
Silva era acompanhado de uma grande comitiva. Um pouco antes de sua chegada, parte de sua comitiva e jornalistas aguardavam no hall do aeroporto.
Um guarda identificou uma maleta abandonada no saguão e levou o objeto até o balcão de despacho. Lá, a maleta, que continha uma bomba dentro, explodiu, matando o Secretário de Governo Pernambucano e um Marechal reformado. Outras bombas foram colocadas em sedes do movimento estudantil no mesmo dia.
O atentado comoveu a opinião pública e facilitou o endurecimento do Regime Militar, preparando terreno para os atos institucionais que ceifariam os direitos políticos dos brasileiros.
Estranhamente, nenhum grupo reivindicou a ação, mas, em pouquíssimo tempo, a polícia e o exército já tinham os acusados: eram participantes de movimentos estudantis de esquerda. Dentre eles, Ricardo Zaratini, que carregou a culpa nas costas durante anos até ser inocentado anos mais tarde.
Até hoje, o crime do Aeroporto dos Guararapes guarda um mistério sobre sua autoria, porém, não há dúvidas de que o atentado contribuiu intensamente para o endurecimento do regime e a criminalização da esquerda no país.
Referências: