Nos anos 80, diversos desenhos fizeram parte da infância de muitas crianças. “Caverna do dragão” certamente foi um deles. Criado por Kevin Paul Coates, Mark Evanier e Dennis Marks, o desenho foi inspirado no jogo de RPG “Dungeons e Dragons”.
Foram três temporadas exibidas na CBS, nos Estados Unidos, entre 17 de setembro de 1983 e 7 de dezembro de 1985. No Brasil, ele passou a ser exibido pela Rede Globo em 1986 e conquistou elevados índices de audiência, sendo exaustivamente reprisado na TV.
27 episódios foram ao ar. O roteiro do vigésimo oitavo episódio chegou a ser escrito, mas o desenho foi cancelado antes que ele fosse exibido, deixando os milhares de fãs com a dúvida sobre qual foi o destino das personagens.
Em 2020, um desfecho baseado no roteiro escrito por Michael Reaves foi criado a partir de cenas retiradas de outros episódios. Assim, para alegria dos fãs, “Requiem”, o episódio final da série, ganhou vida a partir do roteiro de Reaves e daquilo que os idealizadores do projeto julgaram que seria condizente com a linha narrativa dos episódios que foram ao ar.
Exibido por mais de 20 anos no Brasil, o desenho despertou uma série de teorias e debates sobre seu final e sobre o real sentido do que acontecia com as personagens, até mesmo estudos psicanalíticos foram motivados a partir de “Caverna do dragão”.
O enredo narra a trajetória de seis amigos que estão em um parque de diversões e vão parar em um reino misterioso após entrarem em uma montanha-russa chamada “Caverna do dragão”. Ali eles enfrentarão gigantes, trolls e dragões, terão que lidar com as maldades do vilão Vingador e desvendar as orientações enigmáticas do Mestre dos Magos.
Eles recebem armas mágicas do seu guia e, desse modo, Hank, Eric, Diana, Sheila, Presto e Boby começam a sua jornada em busca do caminho de volta para casa. Nesse percurso, eles contam com a amizade da unicórnio Uni e enfrentam diversas batalhas para vencerem os obstáculos que surgem durante a travessia em meio àquele reino desconhecido.
Com o cancelamento inesperado do programa, as dúvidas e teorias que pairavam na cabeça dos fãs foram ainda mais intensificadas. O que teria realmente acontecido com os adolescentes? Vingador e Mestre dos Magos seriam a mesma pessoa? Uni seria realmente um unicórnio? Existiria um caminho de volta ou eles estariam mortos? Haveria redenção para o Vingador? Ele seria de fato filho do Mestre dos Magos?
Essas e tantas outras perguntas motivaram inúmeras discussões em fóruns sobre o desenho. Além disso, diversas homenagens e adaptações foram feitas, inclusive uma versão em quadrinhos que trazia o final escrito por Reaves.
E qual o segredo para que o desenho fizesse tanto sucesso nos anos 80 e 90 e até hoje despertasse uma série de memórias da infância em seus fãs? A cada episódio uma nova missão surgia para as personagens. Além da busca pelo caminho de casa, eles assumiram o papel de lutar contra o mal que domina o reino encantado no qual foram parar. O desejo de poder do Vingador vai sendo combatido pelos adolescentes, magias vão sendo quebradas, prisioneiros vão sendo libertados, o confronto entre o bem e o mal marca toda a jornada. Além disso, eles se veem também em uma jornada de descoberta interior, tendo que lidar com a suas próprias angústias e desafios. A emoção também marca alguns dos episódios, relações afetivas vão sendo estabelecidas entre as personagens, Boby se vê no constante embate entre o desejo de ir para casa e o medo de ter que deixar Uni para trás, enfim, a aventura que marca os episódios é mesclada com questões humanas, que mexem com as emoções dos espectadores e isso contribui para o sucesso.
Em meio a dilemas, a um mundo cheio de fantasias, ao sonho de encontrar o caminho de casa, o grupo de amigos vai descobrindo as suas potencialidades e amadurecendo e nós seguimos com eles nessa jornada que encantou milhares de crianças e adolescentes por longos anos.
Referências:
http://periodicos.unicathedral.edu.br/revistafacisa/article/view/439/438