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O assassinato de Eliza Samudio, um crime cruel que marcou o Brasil

Era fim do expediente na Delegacia de Homicídios de Contagem quando uma ligação telefônica denunciava um dos muitos crimes que chocaram o Brasil nos últimos tempos.  Na noite de 24 de junho de 2010, uma denúncia dizia que a ex-modelo Eliza Samudio tinha sido cruelmente assassinada pelo goleiro Bruno, na época, jogador do Flamengo e um nome cotado para ocupar a vaga de goleiro da Seleção Brasileira.

Segundo a denúncia, o corpo estaria em um sítio do jogador na cidade de Esmeraldas. Além disso, a informação era de que o filho que Eliza tinha com o atleta estaria escondido em outro sítio na mesma região.

A motivação do crime seria o fato de que Eliza Samudio havia entrado na Justiça para que Bruno reconhecesse a paternidade de seu filho Bruninho. Em outubro de 2009, a ex-modelo registrou um boletim de ocorrência afirmando ter sido ameaçada de morte por dois amigos do goleiro, caso não fizesse um aborto. Em seu relato, ela afirmara ter sido estapeada por Bruno e obrigada a ingerir substâncias abortivas. O laudo pericial comprovou a agressão, mas o processo acabou não tendo andamento, pois Eliza não compareceu às audiências.

Segundo o Ministério Público de Minas Gerais, Eliza Samudio foi assassinada no dia 10 de junho de 2010. O crime teria ocorrido seis dias depois do seu desaparecimento. Ela teria sido levada por Bruno e seus cúmplices para um sítio em Vespasiano, cidade próxima de Belo Horizonte. Ali teria ficado encarcerada junto com seu filho, até que foi morta e esquartejada. A criança foi entregue para uma mulher em Ribeirão das Neves e localizada em 26 de junho de 2010. Atualmente, o menino vive com a avó materna e afirma que o pai deveria ter prisão perpétua decretada.

Nove pessoas foram acusadas de envolvimento na morte de Eliza e no sequestro e cárcere privado de seu filho. Eles já foram julgados, alguns foram condenados, outros absolvidos. Os principais acusados já estão em regime semiaberto, mas, até hoje, não se sabe o paradeiro do corpo de Eliza Samudio.

A suspeita é de que o ex-policial civil conhecido como Bola, o tenha esquartejado e atirado os pedaços aos cachorros. Bruno, entretanto, contesta essa versão e diz que um dia a verdade virá à tona.

Conforme o promotor de Justiça que atuou no caso, há provas irrefutáveis que permitiram que os criminosos não saíssem impunes. A primeira delas foi o sangue encontrado no carro usado para levar Eliza do Rio de Janeiro até Minas Gerais. O segundo elemento que ajudou na elucidação do assassinato foi o fato de que eles não mataram o bebê de Eliza. Encontrar a criança foi um fator decisivo para o andamento das investigações.

Após a denúncia anônima sobre o assassinato de Eliza, policiais avistaram o bebê com a esposa de Bruno, Dayanne Rodrigues. Naquele momento, a ex-modelo já tinha sido morta e Bruno recebera notícias de que estava sendo investigado. O sítio foi abandonado às pressas e Bruninho foi entregue a desconhecidos.

Apesar dos indícios de seu envolvimento, o goleiro negou que fosse o mandante do crime. Segundo ele, a morte de Eliza foi encomendada por seu amigo Macarrão, ele não denunciou os planos do amigo por medo de que acontecesse alguma coisa com ele ou com suas filhas e por se conhecerem há muito tempo.

Fotos do registro de prisão do goleiro Bruno Fernandes e do ex-policial Marcos Santos, conhecido como Bola

Macarrão foi condenado a 15 anos de cadeia por homicídio triplamente qualificado e a mais três anos em regime fechado por cárcere privado. Desde 2018, ele está em liberdade condicional.

Considerado o executor do assassinato, Bola recebeu pena de 19 anos de prisão em regime fechado e de mais três anos por ocultação de cadáver. Atualmente, ele está em prisão domiciliar.

Bruno foi condenado a 22 anos e 3 meses pelos assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e também pelo sequestro e cárcere privado de seu filho Bruninho. Atualmente, ele está em regime semiaberto e, após algumas tentativas de retorno ao futebol, tem atuado como trader no mercado financeiro. Em recente entrevista, ele afirmou que a mídia o condenou a uma “prisão perpétua”, que pôs fim ao seu sonho de seguir no futebol. Em nenhuma de suas entrevistas ele admite qualquer culpa em relação ao crime do qual é acusado. Não demonstra arrependimento e, frequentemente, se coloca como injustiçado, não aceitando o seu apagamento na história do futebol, tampouco as críticas que recebe quando algum clube o contrata.

Referências:

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/03/goleiro-bruno-diz-a-jornal-que-o-ex-policial-bola-nao-matou-eliza-samudio.shtml

https://www.ufmg.br/boletim/bol1816/2.shtml

https://brasil.elpais.com/brasil/2017/03/10/deportes/1489184463_907431.html

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