No dia 1º de maio de 1886, em Chicago, Estados Unidos, trabalhadores iniciaram uma greve pedindo a jornada de oito horas de trabalho, já que era comum uma jornada de 16 horas, realizada em seis dias da semana. Nos quatro dias subsequentes, as manifestações prosseguiram e um confronto entre policiais e operários aconteceu na praça de Haymarket, deixando sete policiais e quatro manifestantes mortos, além de 130 feridos. Esse evento é considerado uma das inspirações para a instauração do Dia Internacional do Trabalho, ou do Trabalhador, três anos depois. A data foi proclamada em 14 de julho de 1889, durante um Congresso Internacional Socialista, realizado para comemorar o centenário da Revolução Francesa, mas é apenas após a Primeira Guerra Mundial que ela passa a ser reconhecida oficialmente.
Atualmente, nesse dia, é feriado em mais de 80 países e muitas mobilizações de trabalhadores e atos em defesa de direitos trabalhistas marcam a data.
É importante ressaltar que a escolha da denominação “Dia do Trabalho” ou “Dia do Trabalhador”, não é uma mera questão semântica. No Brasil, no ano de 1925, o presidente Artur Bernardes oficializou o dia 1º de maio como Dia do Trabalhador, marcando os movimentos de manifestações operárias. A data ganhou uma conotação de luta, protestos e crítica social, colocando o trabalhador como protagonista da defesa de seus direitos.
No governo de Getúlio Vargas, em 1943, entretanto, ele escolheu esse dia para apresentar a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e transformou o dia 1º de maio em Dia do Trabalho, tirando o foco das manifestações de trabalhadores por direitos e passando a enfatizar o trabalho em si, implementando desfiles e celebrações que enalteciam as políticas trabalhistas promulgadas por seu governo. Assim, a data perdeu seu caráter reivindicatório e ganhou um tom de celebração do trabalho.
Enfatizar o 1º de maio como Dia do Trabalhador não é apenas uma escolha de termos, é uma forma de destacar aqueles que movem o país, de reforçar o caráter de lutas, reflexão e coletividade que sempre marcaram os movimentos dos trabalhadores e que são essenciais para a garantia de direitos duramente conquistados.
Que nesse dia, possamos ser tomados pela consciência do “Operário em construção” de Vinicius de Moraes e nos darmos conta desse “fato extraordinário:/ Que o operário faz a coisa/ E a coisa faz o operário. /De forma que, certo dia / À mesa, ao cortar o pão /O operário foi tomado /De uma súbita emoção / Ao constatar assombrado/ Que tudo naquela mesa / – Garrafa, prato, facão -/ Era ele quem os fazia / Ele, um humilde operário, / Um operário em construção. / Olhou em torno: gamela / Banco, enxerga, caldeirão / Vidro, parede, janela / Casa, cidade, nação! / Tudo, tudo o que existia / Era ele quem o fazia / Ele, um humilde operário / Um operário que sabia / Exercer a profissão”. Parabéns a todos os trabalhadores e que possamos seguir na luta por condições dignas de trabalho e pela conscientização do trabalhador no papel central que ele desenvolve na construção do país.
Referências: