Na noite de 28 de março de 2004, Luiz Carlos Rugai e Alessandra Fátima Trotino foram encontrados mortos dentro de sua casa, no bairro Perdizes, em São Paulo. Vizinhos do casal ouviram tiros e chamaram a polícia.
Luiz foi baleado com seis tiros: um deles o atingiu nas costas e outro na nuca. Alessandra foi atingida por cinco disparos.
Na local, funcionava também a empresa de propaganda e marketing de Rugai. Ele era conhecido por prestar serviço para diversos artistas. Segundo os investigadores, não havia indícios de que eles pudessem ter sido vítimas de um assalto.
As investigações apontaram Gil Greco Rugai, filho de Luiz, como suspeito do crime. O jovem era ex-seminarista e tinha sido expulso de casa dias antes do assassinato. Seu pai o havia acusado de um desfalque de 100 mil reais em sua produtora.
De acordo com os investigadores, o rapaz tinha uma arma do mesmo calibre usado na execução de seu pai e de sua madrasta. A arma foi encontrada algum tempo depois em uma caixa coletora de água da chuva de um prédio no qual o próprio Gil Rugai confessou estar no momento do crime.
A perícia comprovou que se tratava da arma utilizada para executar Luiz e Alessandra. Além disso, uma das portas da casa do casal foi arrombada e a marca de sapato nela encontrada coincidia com um sapato de Gil. Por fim, um vigia de rua afirmou ter visto o ex-seminarista e uma pessoa não identificada saindo da casa de Luiz Rugai logo após os disparos.
Gil negou o crime, assim como também negou a sua responsabilidade pelo desfalque na empresa do pai. A mãe do ex-seminarista chegou a ser investigada como a suposta pessoa que o acompanhara na noite do crime, mas nada foi provado contra ela.
Mesmo alegando inocência, o rapaz que, na época, estava com 20 anos, foi indiciado por duplo homicídio em abril de 2004.
Ele ficou detido até 2006, quando conseguiu autorização para responder ao processo em liberdade. Em 2008, prestou vestibular para a Universidade de Santa Maria e foi preso novamente em 2009, por ter se mudado para o Rio Grande do Sul sem ter avisado a Justiça. Dias depois, conseguiu um habeas-corpus.
Julgado em 2013, Gil Rugai foi condenado a 33 anos e 9 meses de prisão em regime fechado. Ele segue negando que seja o responsável pela morte de seu pai e de sua madrasta. Apresentou diversos recursos da sentença, mas, em 2020, o STF julgou seu processo transitado em julgado, assim, ele não pode mais recorrer da sentença.
Em 2016, ele foi enviado para a Penitenciária de Tremembé e cumpre sua pena lá até hoje.
O crime, no entanto, ainda gera muitos debates e há quem diga que ele seja realmente inocente. Seus advogados chegaram a pedir a anulação do júri que o condenou, mas o STF negou o pedido.
Quem defende a inocência de Rugai diz que a imprensa ajudou a construir uma imagem do rapaz como um monstro capaz de matar o pai e a madrasta, isso teria influenciado o júri. Dos sete jurados, três votaram contra a condenação, alegando que o motivo do crime não estava completamente provado.
Para o Supremo, entretanto, a condenação de Gil Rugai deve ser mantida e, como o STF é a última instância da Justiça, não há mais como recorrer da sentença.
Referências:
https://istoe.com.br/preso-gil-rugai-quer-diminuir-100-dias-de-sua-pena-por-ter-passado-no-enem/
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2004200617.htm