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Conheça a história de lutas por trás da origem de 8 de março, Dia Internacional da Mulher

Segundo dados divulgados pelo Núcleo de Estudos de Violência da USP, no primeiro semestre de 2020, foram registrados 1.890 assassinatos de mulheres decorrentes de violência doméstica ou motivados pela condição de gênero, revelando um aumento de 2% nos casos de feminicídio em relação ao ano anterior.

Diante desses números, falar sobre o Dia Internacional da Mulher é também uma forma de promover uma reflexão sobre os direitos e conquistas das mulheres e a necessidade de combate a essa violência que põe fim à vida de tantas mulheres no Brasil e no mundo.

Há controvérsias em torno da origem da data. Muitos afirmam que ela teria surgido por causa de um terrível incêndio ocorrido em uma fábrica têxtil de Nova York, em 25 de março de 1911. Ali, morreram 146 pessoas, 125 mulheres e 21 homens, que encampavam uma greve reivindicando redução na jornada de trabalho e licença-maternidade. A tragédia causara uma imensa comoção, ao mesmo tempo em que serviu para fortalecer os sindicatos e aumentar as mobilizações em torno da luta por direitos trabalhistas. E muita gente atribui a origem do Dia Internacional da Mulher à trágica morte dessas trabalhadoras.

Esse triste evento, no entanto, não foi o único responsável pela promulgação dessa data. Desde o final do século XIX, movimentos organizados por operárias lutavam pelos direitos das mulheres. As estafantes jornadas de 15 horas diárias de trabalho, os salários irrisórios e o trabalho infantil, já mobilizavam mulheres em defesa de melhores condições de trabalho.

Em 1908, foi celebrado nos Estados Unidos, o primeiro dia Nacional da Mulher, data marcada pela mobilização de cerca de 1500 mulheres em luta pela igualdade econômica e política no país.

No ano de 1910, foi realizada na Dinamarca a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas. A partir da sugestão de Clara Zetkin, ficou definida a criação de uma data anual para celebrar a luta pelos direitos da mulher e, assim, conseguir o suporte para encampar movimentos em torno do sufrágio universal em diversos países. 

Em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário juliano, adotado na Rússia naquela época), cerca de 90 mil operárias saíram às ruas para protestar contra o Czar Nicolau II, as péssimas condições de trabalho, a miséria e a fome, que marcavam a Rússia naquele momento. No protesto, o qual ficou conhecido como “Pão e Paz”, elas defendiam melhores condições de vida e se opunham à participação russa na 1ª Guerra Mundial.

No ano de 1945, a ONU assinou um acordo internacional reconhecendo princípios de igualdade entre homens e mulheres. A partir dos anos 60, o movimento feminista começou a se consolidar e, em 1975, o dia 8 de março foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher, sendo marcado por manifestações no mundo todo em defesa dos direitos da mulher e em reconhecimento ao que já havia sido conquistado ao longo de todos esses anos de luta.

Essas e muitas outras datas mostram que houve um longo percurso de lutas até se chegar à promulgação de uma data oficial para o Dia Internacional das Mulheres, luta que seguiu mesmo depois da instituição da data, já que a discriminação e a desigualdade de gênero ainda permanecem vivas em muitas instâncias e exige a permanente mobilização para que os direitos já conquistados sejam mantidos e se possa realmente alcançar a igualdade tão almejada.

Nessa data, sempre surgem polêmicas em torno do que ela representa, além de discussões sobre o caráter comercial que o dia vem ganhando, com a distribuição de flores, bombons e cartões homenageando as mulheres. Embora gestos sinceros de delicadeza sempre sejam bem-vindos, historicamente, o Dia Internacional da Mulher deve ser encarado como um momento de mobilização para a preservação dos direitos já conquistados e de combate a todas as formas de violência, infelizmente, ainda tão presentes na vida de tantas mulheres e responsável pela morte de tantas outras, muitas vezes, provocada por seus próprios companheiros. Desse modo, a melhor forma de homenagear as mulheres nesse dia e em todos os outros é reconhecendo a importância de suas lutas, ouvindo as suas vozes e relembrando as muitas mulheres que, ao longo da história, realizaram ações fundamentais para que muito do que temos hoje pudesse ser conquistado.

Referências:

https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/07/internacional/1551990388_320690.html

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/03/1864604-entenda-o-dia-da-mulher-confira-fatos-marcantes-da-historia-da-mulher.shtml

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-43324887

GONZALEZ, Ana Isabel Álvares.As origens e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres”. Ed. SOF/Expressão Popular.

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-a-origem-do-dia-internacional-da-mulher/

http://www.scielo.br/pdf/ref/v9n2/8643.pdf

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