Considerada a feminista mais famosa da história do Brasil, Patrícia Galvão é, ainda hoje, símbolo da luta das mulheres por reconhecimento, direitos e igualdade. Sua trajetória, além de inspiradora, mostra a coragem que as mulheres têm de enfrentar o sistema opressor, a qualquer momento da existência humana.
Patrícia Rehder Galvão, conhecida como Pagu, nasceu em São João da Boa Vista, São Paulo, em 9 de junho de 1910, mas aos dois anos mudou-se para a capital paulista, onde completou seus estudos na tradicional Escola Caetano de Campos.
Filha de pai advogado e jornalista, Pagu frequentou espaços marcados pela presença da elite intelectual paulistana, estudou no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde foi aluna de Mário de Andrade e, aos quinze anos, iniciou sua carreira jornalística, contribuindo com o “Brás Jornal”.
Patrícia Galvão tornou-se um mito feminino brasileiro, sendo considerada uma mulher muito à frente de seu tempo, não só pela liberdade com que vivia, quanto pelas ideias que defendia e por não ter medo de se posicionar sobre tudo aquilo que julgava relevante.
Ela foi escritora, tradutora, desenhista, poeta, ativista política e jornalista. Tornou-se uma musa dos modernistas, ao ingressar no Movimento Antropofágico. E foi justamente um modernista que lhe deu o apelido a partir do qual ela se tornou ainda mais conhecida. O poeta Raul Bopp sugeriu que ela usasse um nome artístico com as primeiras sílabas de seu nome e sobrenome, mas ele se confundiu e, ao criar o poema “Coco de Pagu”, acabou rebatizando Patrícia Galvão com o nome que a eternizara.
Pagu teve vários relacionamentos, dentre eles, seu casamento com Oswald de Andrade, em 1930, foi um escândalo, pois eles se tornaram amantes quando o poeta ainda era casado com Tarsila do Amaral. Dessa união, nasceu seu primeiro filho.
No entanto, não era apenas por sua liberdade sexual que Pagu chamava a atenção, ela também era uma mulher muito corajosa e que lutava por aquilo que acreditava. Em 1931, no porto de Santos, enfrentou a cavalaria para socorrer um estivador que estava agonizando no chão após um confronto ente polícia e trabalhadores. Esse gesto rendeu-lhe a primeira de suas 23 prisões.
Em 1935, filia-se ao Partido Comunista Francês e é presa como comunista estrangeira. Volta ao Brasil, separa-se do marido e retoma suas atividades jornalísticas, mas é presa novamente pelas forças do Estado Novo e fica cinco anos na cadeia.
Sai da prisão em 1940, momento em que tenta o suicídio. Ao falar sobre o período no cárcere, ela relembra como foi torturada, julgada e condenada por vários crimes simplesmente por defender ideais do partido ao qual se filiara e mostra os efeitos dessa prisão em sua vida: “(…) tentaram me esganar em muito boas condições. Agora, saio de um túnel. Tenho várias cicatrizes, mas ESTOU VIVA”. Nessa época, Pagu rompe com o Partido Comunista e passa a defender o socialismo. Ela casa-se com o jornalista Geraldo Ferraz, com quem tem seu segundo filho. Passa a colaborar com diversos jornais e a escrever contos de suspense usando um pseudônimo.
Pagu muda-se para Santos com o esposo e se envolve em diversas atividades de incentivo ao teatro amador, liderando ações para a construção do Teatro Municipal e para a fundação da Associação dos Jornalistas Profissionais.
Em 1962, viaja para a França em busca de tratamento contra um câncer. Sem conseguir um resultado satisfatório, tenta novamente o suicídio. De volta ao Brasil e com a saúde muito debilitada, ela morre em Santos, no dia 12 de dezembro de 1962.
Ainda hoje, Pagu é uma mulher que exerce fascínio. Ela se destacou por sua beleza, pelo seu talento artístico, pelas diversas passagens pela prisão, fruto de seu caráter revolucionário e de seus ideais políticos. Fez uso da escrita para registrar sua visão de mundo, falando de arte, literatura, política, feminismo e, sobretudo, refletindo sobre o papel da mulher no mundo moderno e mostrando que jamais aceitaria qualquer tipo de repressão, seja cultural, estética, sexual ou social.
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Referências:
Campos, Augusto. “Pagu: vida-obra”. São Paulo, Companhia das Letras, 2013.
Galvão, Patrícia. “Paixão Pagu: uma autobiografia precoce de Patrícia Galvão”. São Paulo, Agir, 2005.
Pontes, Heloísa. “Vida e obra de uma menina nada comportada: Pagu e o Suplemento Literário do Diário de S. Paulo”. Cadernos Pagu (26), Campinas, SP, Núcleo de Estudos de Gênero-Pagu/Unicamp, janeiro-junho de 2006, pp.431-441.