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A história de Joaquim Nabuco, o diplomata da liberdade, respeitado mundialmente e símbolo de uma política externa que era feito por grandes homens

QUEM FOI JOAQUIM NABUCO?

No dia 17 de janeiro de 1910, há exatos 109 anos, morria Joaquim Nabuco, importante personagem da história brasileira. Joaquim Nabuco foi político, jornalista, escritor, historiador, poeta e diplomata, mas seu nome será sempre lembrado como um dos maiores abolicionistas do país, tendo sido decisivo na elaboração e aprovação da Lei Áurea, que pôs fim à escravidão no Brasil.

Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo nasceu em Recife, capital pernambucana, no dia 19 de agosto de 1849, filho de Ana Benigna de Sá Barreto Nabuco de Araújo e de José Joaquim Nabuco de Araújo, influente político no Império. Passou a primeira infância em um engenho, sob cuidados de sua madrinha, mudando-se para a Corte, no Rio de Janeiro, aos sete anos, após a morte dela. Estudou no Colégio Pedro II e posteriormente, cursou Direito na Faculdade de Direito de São Paulo, concluindo seu curso na Faculdade de Direito de Recife. Durante sua graduação, foi contemporâneo de Rui Barbosa, Castro Alves, Rodrigues Alves e Afonso Pena (os dois últimos seriam presidentes do Brasil).

Após concluir o curso de Direito em Recife, se tornou conhecido defendendo escravos acusados no tribunal do júri, causa que levaria consigo durante toda a vida. Estudou na Europa, onde teve contato com escritores e políticos abolicionistas, que o influenciaram a combater a escravidão no Brasil, um dos últimos países a manter o trabalho escravo no final do século XIX.

Como político, foi eleito deputado pelo Partido Liberal em 1878, destacando-se como grande defensor da abolição da escravidão, opondo-se tanto ao partido Conservador, quanto aos próprios liberais, os quais acusava de serem liberais apenas no nome, pois mantinham ideais tão retrógrados quanto seus opositores. Durante o período em que não foi eleito deputado, atuou como jornalista, com críticas ao sistema político brasileiro, residindo por um período de quase-exilio na Inglaterra. Recusou cargos políticos por convicções morais, o que fez com que passasse por dificuldades financeiras.

De volta ao Brasil, dedicou-se integralmente ao ideal do fim da escravidão, com forte oposição dos proprietários de terra e políticos conservadores. Orador notável, grande articulador político e extremamente culto, Nabuco ganhou projeção nacional, angariando adeptos e colaboradores. Fez incursões pela Europa denunciando a escravidão brasileira, tendo sido recebido pelo Papa Leão XIII, que pouco tempo depois editaria a Enciclica Rerum Novarum, documento internacional de grande relevância em prol da igualdade entre as pessoas.

Além da atuação política e da vasta produção intelectual, sua maior contribuição ao país se deve à Lei Aurea, que foi assinada no dia 13 de maio de 1888 determinando o fim da escravidão no país. A Lei Áurea, sancionada pela Princesa Isabel, que substituía seu pai, Dom Pedro II, foi resultado do grande movimento abolicionista liderado por Joaquim Nabuco.

Machado de Assis, Joaquim Nabuco e Pereira Passos

Como escritor, foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras, ao lado de Machado de Assis, em 1897. Seu grande legado se deve à defesa dos direitos de igualdade, liberdade, democracia e soberania do Brasil perante nações estrangeiras, com destaque especial por ter sido o primeiro embaixador brasileiro nos Estados Unidos da América, função que exerceu até sua morte, em 1910.

Joaquim Nabuco faz parte da história do país, por ter sido um grande defensor da liberdade e da justiça social. Foi um visionário, pois entendia que apenas a abolição formal da escravidão não seria suficiente para libertar os negros, pois a discriminação racial os faria serem submetidos à miséria e condições de trabalho degradantes. Defendia que a alfabetização e a garantia de trabalho seriam as formas de realizar a transição da escravidão para a liberdade efetiva. Infelizmente, suas ideias não foram implantadas, o que resultou em um processo histórico de marginalização dos negros libertos, que tem como sequela, a discriminação racial até hoje característica da sociedade brasileira.

Texto: Fernando Machado

*Fernando Machado é professor do Curso de Direito da Unigran.

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Referências

COSTA, Virgílio Pereira da Silva. Joaquim Nabuco. Col. A vida dos grandes brasileiros. São Paulo: Três, 2003.

NABUCO, Joaquim. Minha formação. 3. reimp. São Paulo: Martin Claret, 2001.

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