Paulo César Farias, conhecido como PC Farias, foi um empresário brasileiro, nascido em Alagoas e muito bem relacionado com a política local e nacional.
PC ganhou notoriedade ao trabalhar como chefe tesoureiro na campanha de Fernando Collor de Mello em 1989. Collor foi eleito o primeiro presidente pós Ditadura Militar, contando com a esperança da população, se dizia um caçador de marajás.
Quando Collor foi eleito, PC virou personagem chave nos escândalos de corrupção que se sucederam pós-posse.
O empresário alagoano foi considerado o principal articulador de um esquema de corrupção e propinoduto, que arrecadou, na época, cerca de 8 milhão de dólares de empresários e movimentou mais de 1 bilhão de dólares dos cofres públicos em obras superfaturadas e interesses do empresariado. No esquema, PC era responsável por achacar, realizar os conchavos com os empreendedores corruptos e promover a lavagem desse dinheiro através de caixa 2.
O empresário, segundo a polícia federal, foi responsável pela construção de uma complexa teia de relações que chegou a envolver até a Máfia Italiana, aviões, testas de ferro e diversos laranjas. No encalço do articulador, a PF descobriu que vários Ministros do presidente haviam ganhado jet skis, carros e outras benesses de construtoras.
O escândalo explodiu quando Pedro Collor de Mello, irmão do presidente eleito, entregou toda a bagunça, em uma entrevista nas páginas amarelas da Revista Veja.
Aberta uma CPI para investigar PC como “Testa de Ferro” de Collor, a justiça pediu a prisão do empresário, que fugiu e demorou 200 dias para ser encontrado. Segundo o inquérito policial, PC passou por Paraguai, Argentina e até Tailândia.
Preso, PC ficou calado e foi solto após dois anos de cumprimento em regime fechado. Durante as saídas do cumprimento da pena, Paulo César conheceu uma jovem de 24 anos chamada Suzana Marcolino.
Em 1996, já em liberdade condicional concedida pelo STF, o ex-tesoureiro de Collor foi encontrado morto junto com a esposa Suzana Marcolino em sua mansão de praia. Os dois apresentavam uma perfuração no peito feita por arma de fogo.
O laudo expedido pelo legista Badan Palhares atestava que Suzana havia matado PC Farias e se matado em seguida. A tese foi combatida por outros legistas, como George Sanguinetti que apontou um duplo homicídio cometido por uma terceira pessoa que entrou no quarto. Os promotores do Ministério Público Federal, que acreditavam em um duplo homicídio, denunciaram os seguranças Adeildo Costa dos Santos, Josemar Faustino dos Santos, José Geraldo da Silva e Reinaldo Correia de Lima, que, na época, faziam a escolta de PC, que passou a ser chamado na imprensa de “Caixa Preta” da política brasileira, dada a quantidade de informações e segredos que guardava sobre homens poderosos.
A morte de PC Farias continua polêmica até hoje. Uma das teses era a de que Suzana teria cometido assassinato, depois se suicidado, pois PC deu indícios de que terminaria o relacionamento.
Porém, a justiça acatou a tese do duplo homicídio qualificado e indiciou os quatro seguranças.
Em 2011, 15 anos após o crime, os homens que faziam a escolta de PC foram à júri popular. A justiça reconheceu o duplo homicídio, mas absolveu por clemência os réus. Até hoje, diversas teses alimentam o imaginário popular e jurídico sobre a morte de PC Farias. O nome “Queima de Arquivo”, que era pouco conhecido popularmente, passou a ser um termo bastante falado pelo país.
E a figura do poderoso empresário alagoano ainda atormenta o sono de muita gente.
https://infograficos.oglobo.globo.com/brasil/cronologia-do-caso-pc-farias-1.html
Livro – Morcegos Negros: PC Farias, Collor, Máfias e a História que o Brasil não Conheceu