No ano de 1790, Bárbara Vicente de Urpia, uma jovem e bela portuguesa, chegava ao Brasil. Ela passou a viver no Rio de Janeiro com seu marido, Antonio de Urpia. Existem duas versões diferentes para a mudança do casal. Uns dizem que eles teriam se mudado porque ela teria matado a sua irmã envenenada, outros dizem que ela teria traído o marido com um nobre português e eles teriam sido enviados para cá por causa disso.
Rapidamente, a sua beleza chamou a atenção da corte carioca e ela passou a atrair os olhares de importantes homens da época, mas foi com um homem pobre, um negro livre, que ela se envolveu. Dizem que Bárbara matou o marido para poder viver esse amor.
Porém o crime dela aqui no Brasil e a morte da irmã em Portugal passaram a gerar desconfiança e os salões cariocas se fecharam para ela. Bárbara passou a viver com o amante na região da Cidade Nova. Após uma discussão, ela também matou seu novo companheiro e, mais uma vez, conseguiu se livrar de pagar pelo crime.
Sozinha, ela passou a se prostituir e se tornou conhecida como Bárbara dos Prazeres. Como era muito bonita, atraía diversos clientes, tornando-se a prostituta favorita da elite do Rio de Janeiro.
Em 1808, com a chegada da Família Real ao Brasil, ela foi viver na Rua do Lavradio e dizem que chegou a atender membros da corte portuguesa.
Bárbara acabou contraindo sífilis, lepra e varíola, o que fez a sua clientela diminuir. Em 1825, ela viajou até a Cisplatina para buscar clientes entre os combatentes. Com o rosto marcado pela doença, sua beleza foi desaparecendo e já não conseguia mais dinheiro, pois os homens passaram a repeli-la.
De volta ao Brasil, ela passou a trabalhar no Arco do Teles, no Centro do Rio de Janeiro. Naquela época, o lugar estava extremamente decadente e tinha se tornado um refúgio de prostitutas, usuários de drogas e mendigos. Em seus becos, mulheres vendiam seu corpo por dois vinténs.
Sem a beleza de outrora, Bárbara dos Prazeres buscou feitiços que pudessem restabelecer o que havia perdido. Certa vez, um feiticeiro indicou-lhe que se banhasse com sangue de crianças, assim poderia se curar da lepra.
Em 1828, uma série de crianças começou a desaparecer e seus corpos nunca foram encontrados. O pânico se espalhou pelo Rio de Janeiro e começou a circular o boato de que Barbara estaria roubando as crianças deixadas na Roda dos Enjeitados da Santa Casa de Misericórdia. Ela passou a ser chamada de bruxa e as famílias proibiram as crianças de brincarem na rua.
Em 1830, uma mulher foi encontrada morta na baía localizada ao lado da Praça XV. Seu rosto estava desfigurado, porém as pessoas passaram a acreditar que o corpo fosse de Barbara dos Prazeres, já que o sumiço de crianças tinha cessado.
Quanto há de realidade e quanto há de ficção nessa história, não é possível saber, mas até hoje há quem diga que, ao passar pelo Arco do Teles em noites de lua cheia, é possível ouvir as gargalhadas de uma mulher que vaga pela noite.
Referências:
https://vejario.abril.com.br/blog/daniel-sampaio/bruxa-arco-do-teles/
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/vitrine/historia-barbara-vampira-carioca.phtml