Alguns crimes entram para a história pelo horror com que são executados. Cenas brutais de esquartejamento, mutilação e crueldade ganham repercussão e podem ser vistas com uma frequência maior do que se pode imaginar.
Um dos crimes mais chocantes da história dos Estados Unidos ficou conhecido como “O crime da Dália Negra”. Na manhã do dia 15 de janeiro de 1947, enquanto caminhava com a sua filha, Betty Bersinger viu algo estranho em uma valeta de uma obra de um condomínio. Inicialmente, ela pensou que era um manequim, mas percebeu que era o corpo de uma mulher e acionou a polícia.
A vítima era Elizabeth Short, uma linda aspirante a atriz que há cerca de seis meses vivia no sul de Los Angeles. Seu corpo estava nu e havia sido cortado ao meio. Seus braços estavam para cima e suas pernas abertas. Seus intestinos tinham sido colocados abaixo das nádegas, os punhos, tornozelos e pescoço apresentavam lacerações, partes da coxa e dos seios estavam cortados e o seu rosto apresentava um corte que o desfigurou, produzindo um sorriso de orelha a orelha.
Elizabeth foi vista pela última vez no dia 9 de janeiro. Segundo as investigações, ela teria sido amarrada e torturada por vários dias. Não foi possível definir a data exata de sua morte e as poucas provas encontradas fizeram com que o assassinato da jovem nunca fosse solucionado.
De acordo com a polícia, o corpo de Elizabeth Short tinha sido lavado, pois não havia sangue no local do crime. Os policiais encontraram apenas marcas de pneu e pegadas de botas nas imediações. A alguns metros da vítima, foi encontrado um saco de cimento vazio com algumas marcas de sangue. Nenhuma das pistas, porém, permitiu a identificação do assassino.
A brutalidade do crime chamou a atenção da imprensa e o jornalista Bevo Means, do “L.A. Herald Express”, escreveu uma matéria na qual chamava a vítima de “Black Dahlia”(Dália Negra), em referência ao filme “Blue Dahlia” que tematizava o assassinato de uma jovem. O nome pegou e outras publicações passaram a usá-lo. Fotos do corpo da vítima e matérias sensacionalistas marcaram as páginas da imprensa nos dias subsequentes.
A polícia local pediu ajuda da polícia estadual e federal para esclarecer os fatos e a repercussão da morte de Elizabeth fez com que surgissem muitos supostos assassinos. Cerca de 60 pessoas confessaram terem cometido o crime, 25 suspeitos foram investigados, no entanto, o criminoso não foi oficialmente descoberto.
A ausência de uma resolução e o horror com que foi executado tornaram esse crime um dos mais terríveis da história e fizeram com que ele fosse lembrado no cinema, na TV, em jogos, séries e livros de true crime. Em 2006, foi lançado o filme “Dália Negra”, de Brian de Palma, no qual se explora a investigação do assassinato. A primeira temporada de “American Horror Story” também tratou da morte de Elizabeth Short. Em seu romance “Dália Negra”, James Ellroy narra detalhadamente tudo o que aconteceu com Elizabeth.
Em 2017, o escritor e detetive Piu Eatwell lançou o livro “Black Dalia, Red Rose: The Crime, Corruption, and Cover-Up of America’s Greatest Unsolved Murder”, no qual aponta Leslie Dillon como criminoso. Segundo ele, Dillon agenciava garotas e teria sido contratado pelo famoso empresário dinamarquês Mark Hansen para livrar-se de Elizabeth, pois a jovem estaria saindo com outros homens além dele e frequentemente lhe pedia dinheiro.
De acordo com Eatwell, Dillon tinha informações sobre o crime que apenas o assassino ou o legista poderiam ter. Ele chegou a ser investigado, mas foi liberado pela polícia. Para Piu Eatwell, o caso não foi concluído porque a influência do mandante acabou barrando as investigações e fazendo com que a morte de Elizabeth Short ficasse impune.
Referências:
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-foi-o-crime-da-dalia-negra/
https://www.claudialemes.com.br/post/quem-matou-a-d%C3%A1lia-negra