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O Diabo dos porões: quem foi Carlos Brilhante Ustra

Carlos Brilhante Ustra nasceu em 1932, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Na juventude, ingressou nas Forças Armadas e sempre foi um militar discreto e medíocre. Ao contrário de outros colegas de farda, não se envolveu com política até o Golpe Civil Militar dado em 1964. Nesse período, Ustra já escrevia e pregava nos quartéis que o Brasil seria tomado por comunistas que estavam prontos para impor o Regime Comunista no país.

De fato, em 1966, houve um aumento no número de grupos de esquerda armados no país, as quaos o Estado passou a denominar de “organizações terroristas”. Nesses moldes, o governo organizou grupos militares para fazer um trabalho de contra inteligência, Ustra, que já defendia a ação mais enérgica do Regime sobre os grupos de esquerda, foi um dos responsáveis pela instituição da Operação Bandeirantes (OBAN), em São Paulo. Os homens da OBAN torturavam dissidentes de grupos de esquerda para conseguir informações.

Brilhante Ustra foi um dos responsáveis por instituir a tortura e métodos extremamente cruéis de interrogatório. Suas atividades, comprovadas e reconhecidas pela justiça e Comissão da Verdade, variavam entre choques, afogamentos e outras práticas execráveis. Após o “sucesso” dessa operação, na ótica dos militares, o governo cria, no período do General Médico, o Centro de Operações de Defesa Interna, conhecido também como Doi-Codi. Então, Ustra fica responsável pela instituição em São Paulo. Comandando o órgão, o Comandante criou um grupo de “gorilas”, militares responsáveis pela tortura que sentiam prazer em torturar pessoas. Bastante perversos, eles recebiam treinamento e um processo de ideologização do próprio Ustra, que, muitas vezes, torturava os prisioneiros com as próprias mãos.

Mas o Major era conhecido pelos famosos “passeios”, técnica de tortura em que Ustra entrava na sala de interrogatório de surpresa, convidava o sujeito para um passeio e mostrava-lhe corpos de militantes que morreram sob tortura. Segundo a Comissão da Verdade, em alguns passeios, Ustra chegou a bater em grávidas e a levar mulheres para ver os filhos pequenos, ameaçando-os de morte na frente da mãe. Também sob ordens do Major o Doi-Codi, matava prisioneiros e simulava atropelamentos, dizendo que eles haviam tentado fugir.

Ao final da Ditadura Militar, Ustra se afastou da repressão e voltou a trabalhar normalmente. Em uma viagem ao Uruguai, em 1985, já no governo Sarney, foi reconhecido pela atriz Bete Mendes como torturador. Com o escândalo, o Major foi afastado e obrigado a se aposentar.

Em 2008, ele foi condenado pela justiça como Torturador, porém nunca pisou em uma cela. Ele morreu em 2015 de pneumonia.

A história de Ustra é polêmica e ainda há muita gente que o chama de herói. O tribunal da história, entretanto, já foi claro: Ustra era um demônio, que assombrava os portões da repressão.

Referências:

https://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/15/politica/1444927700_138001.html?outputType=amp

http://comissaodaverdade.al.sp.gov.br/arquivos/tag/coronel%20Carlos%20Alberto%20Brilhante%20Ustra

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