Publicado em 1953, “Fahrenheit 451” é uma importante obra do autor americano Ray Bradbury. Seu título remete à temperatura necessária para que uma folha de papel se queime e é exatamente esse o mote do enredo da obra. Publicado durante a Guerra Fria, em um momento em que o macarthismo ganha força e a “caça às bruxas” faz com que o patrulhamento ao mundo das artes se intensifique, “Fahrenheit 451” tem seu enredo construído em um futuro distópico, não muito distante da época em que estamos vivendo, já que em uma determinada passagem do livro um dos personagens afirma que faziam aquilo desde 1990.
Ambientado em uma cidade dos EUA, o romance apresenta um lugar sombrio, coberto por um céu negro, marcado pela fumaça de explosões nucleares e pela escuridão trazida pelo obscurantismo de viver em um ambiente em que os livros são proibidos e a leitura é vista como um crime.
Nesse contexto, os bombeiros já não têm mais a função de apagar incêndios, mas assumem o papel de queimar livros, vistos como uma ameaça ao regime totalitário e como uma forma de perturbar a paz dos cidadãos honestos e obedientes que ali vivem.
Essa passividade dos moradores da cidade é intensificada com fortes doses de comprimidos narcotizantes e com a presença ininterrupta de programas de TV preparados justamente com o objetivo de reforçar a apatia dos cidadãos daquele lugar.
Em meio a essa sociedade extremamente controlada, vemos o protagonista Guy Montag passar por um processo de tomada de consciência e começar a questionar o seu trabalho como bombeiro.
Essa mudança ideológica por que passa Montag tem como ponto de partida duas situações importantes dentro da obra. A primeira delas é a participação em uma ação que resultou na morte da senhora Blake, a qual recusou-se a abandonar os seus livros e morreu queimada em sua biblioteca, despertando no bombeiro o questionamento do que haveria de tão importante em um livro, que seria capaz de levar uma pessoa a dar a própria vida em sua defesa. A segunda situação é uma conversa com a adolescente Clarisse McClellan, a qual o leva a redescobrir o prazer de falar com amigos e a refletir sobre os motivos pelos quais a sociedade em que vive está organizada daquela maneira.Após esses dois acontecimentos, Montag passa a questionar a ordem vigente e a surpreender-se com a intolerância de Beatty, o
chefe dos bombeiros, homem que segue à risca a ideia de que os livros devem ser destruídos a todo custo mas que, ao mesmo tempo, conhece-os tão bem, sendo capaz de declamar trechos inteiros das obras de Shakespeare.
Para Beatty, “um livro é uma arma carregada na casa vizinha”, devendo, portanto, ser destruído em nome da segurança de todo o sistema. Para Montag, aquela visão de mundo deixa de fazer sentido, o incômodo com a sua profissão e com o autoritarismo que norteia todas as relações, faz com que ele embarque em uma busca constante pela felicidade e pelo desejo de mudar a sociedade em que vive. Após o desaparecimento de Clarisse, ele passa a esconder livros em sua casa e a se incomodar com a alienação da esposa, a qual passa o dia diante da TV. Com a ajuda de Faber, um velho professor aposentado, Montag segue em busca da compreensão da importância da leitura e da necessidade de livrar as pessoas da alienação. Para ele, já não faz mais sentido viver em um lugar onde o pensamento crítico é suprimido, onde o conhecimento já não é mais produzido e qualquer um que se oponha a esse regime é perseguido.
Descoberto, Montag foge para não ser queimado junto com seus livros e acaba encontrando várias pessoas que vivem como nômades na floresta. Ali, eles buscam preservar a memória dos livros que leram, garantindo que o conhecimento não seja perdido. Juntando-se a esses homens que vivem como se fossem verdadeiras bibliotecas ambulantes, o ex-bombeiro conclui seu processo de transformação e a obra termina com ele refletindo sobre o momento em que chegasse a sua vez de se pronunciar: “E quando chegasse a sua vez, o que ele diria, o que ele poderia oferecer num dia como este, para tornar a viagem um pouco mais fácil? Para tudo há uma estação. Sim. Um tempo para destruir e um tempo para construir. Sim. Um tempo para calar e um tempo para falar. Sim, tudo isso. Mas, o que mais? O que mais?” (p. 199). A resposta a todos esses questionamentos está justamente nos livros, ao construir uma obra em que eles são proibidos, Bradbury mostra o quanto livros são imprescindíveis para a construção do pensamento crítico e para o combate à superficialidade que se instaura em um mundo dominado pela absorção passiva daquilo que é transmitido pela TV e pela aceitação de um sistema que se impõe exatamente porque a maior parte dos cidadãos é incapaz de compreender as violações que são praticadas quando o conhecimento é tratado como inimigo.
Curiosidade: O autor cita uma frase emblemática de Freud para iniciar a narrativa:
“Que progresso estamos fazendo. Na Idade Média queimariam a mim, hoje em dia, se contentam em queimar meus livros”.
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Referências:
BRADBURY, Ray. “Fahrenheit 451”. Tradução Cid Knipel. São Paulo: Globo, 2012.
François Truffaut . “Fahrenheit 451”. Filme de 1966.