Após ser estuprada por três pessoas, Aída foi jogada de uma cobertura no bairro de Copacabana
Aída nasceu em uma família carioca humilde. Quando criança, foi colocada pela mãe em um colégio de freiras, onde ficou até completar 18 anos. Convicta de sua religiosidade e missão, Aída queria seguir os caminhos de Deus e da missão católica.
Porém, aos 18 anos, a família Curi passa a viver uma grave crise financeira. Aída sai do internato e vai morar com a mãe e irmãos em uma casa no bairro da Gávea. Muito esforçada, consegue um emprego após estudar datilografia e inglês.
No dia 14 de julho de 1958, Aída voltava para a casa com uma amiga pela Orla de Copacabana. Antes de pegar a condução que a levaria até a Gávea, foi abordada por Ronaldo Castro, um jovem rico da Zona Sul do Rio de Janeiro que andava de motoneta e fingia ser um James Dean brasileiro.
Sem limites, como muitos playboys de sua época, Ronaldo passa a assediar a moça e a aproveitar de sua ingenuidade e inocência. Primeiro, ele pega os óculos de Aída e sua aliança de compromisso com Deus. Assediando e forçando a garota, Ronaldo consegue levar Aída para um apartamento de seu amigo Cássio, menor de idade na época, cujo pai, Coronel do Exército, era proprietário da cobertura de um dos melhores prédios da cidade.
Lá, Ronaldo combinou com Cássio e o porteiro do prédio que, após subir com Aída, eles poderiam participar da “Curra”. Curra era o nome dado quando mais de um homem abusava de uma mulher. Crime muito comum cometido por jovens da classe média.
Segundo o Ministério Público, Aída foi submetida a pelo menos 30 minutos de abusos sexuais, pancadas em todas as partes do corpo e humilhações verbais.
Após o crime, os agressores jogaram Aída do décimo segundo andar para simular um suicídio.
O caso repercutiu amplamente nos noticiários.
Parte da opinião pública ficou ao lado dos assassinos, dizendo que Aída não era uma moça de respeito por estar naquele prédio. Outra parcela da população pedia insistentemente a condenação dos criminosos.
Ao fim de três julgamentos, com influência de homens poderosos, Ronaldo foi absolvido do crime de homicídio e pegou uma pena baixa apenas por atentado violento ao pudor e tentativa de estupro. O porteiro também foi absolvido do homicídio e desapareceu misteriosamente. Já Cássio, que tinha 16 anos na época, nem passou por julgamento. Por suas ações, cumpriu medidas socioeducativas em uma espécie de Reformatório, onde ficou 9 meses e foi liberado após arrumar uma vaga no serviço militar. Anos depois, Cássio cometeu outro crime: matou um homem a tiros.
No fim, a família de Aída ficou destruída com a situação. Os criminosos não tiveram penas altas e a alta sociedade carioca ganhou a cicatriz terrível bem no coração da Bossa Nova.
Alguns anos atrás, a família de Aída entrou com processo no STF para garantir o direito ao esquecimento. O assunto voltou em voga em outubro de 2020 quando a corte começou a debater o assunto.