Irena Krzyzanowski Sendler nasceu em 15 de fevereiro de 1910, em Otwock, na Polônia. Filha de Janina e Stanislaw Krzyzanowski, ela foi educada desde cedo a ser solidária com o próximo. Seu pai era um médico bastante requisitado e que atendia gratuitamente os pacientes que não podiam pagar pelas consultas.
Em 1917, ela perdeu seu pai, vítima de tifo, mas, antes de morrer, ele lhe deu uma lição que carregaria por toda a vida: “Se vires alguém se afogando, deves pular na água e tentar ajudar, mesmo se não souberes nadar”.
O ensinamento valioso que recebeu de seus pais fez com que ela seguisse a carreira de assistente social no Departamento de Bem Estar Social de Varsóvia. Trabalhando junto com enfermeiras, Irena atuava no auxílio a pessoas carentes, realizava a distribuição de roupas, alimentos, medicamentos e até mesmo dinheiro.
No entanto, foi durante a Segunda Guerra Mundial que ela escreveu para sempre o seu nome na história, salvando a vida de mais de 2.500 crianças e se tornando conhecida como “A mãe das crianças do Holocausto” ou “O Anjo do Gueto de Varsóvia”.
Durante a ocupação nazista, ela conseguiu autorização dos alemães para atuar dentro do gueto de Varsóvia, fazendo a verificação da transmissão de tifo no local, pois havia uma preocupação de que a doença se espalhasse e contaminasse também os alemães.
Desse modo, ela passa a integrar o Conselho de Ajuda aos Judeus e consegue convencer os pais a levarem os seus filhos para fora do gueto. Irena conseguiu esconder muitas crianças em lares temporários, procurando sempre manter uma lista com informações sobre suas famílias para que pudesse devolvê-los ao fim da guerra.
Tirar crianças do gueto era uma tarefa arriscada e que exigia muitos cuidados, ela chegou a usar cestos de lixo, caixas de ferramentas, sacos de batata e até caixões para sair sem ser notada. Além disso, saía com as crianças pelos túneis do esgoto ou por passagens secretas. Acolhidas em novas casas, as crianças recebiam uma nova identidade, mas Irena anotava os dados de cada uma delas e escondia em uma jarra no quintal, assim conseguia preservar a história dos pequenos que salvara.
Em 1943, ela foi presa pela Gestapo e brutalmente torturada. No entanto, não revelou as informações sobre as crianças que havia escondido. Condenada ao fuzilamento, acabou sendo ajudada por um soldado alemão, o qual permitiu sua fuga e fez com que ela fosse dada como morta pelos nazistas.
Irena assumiu uma nova identidade e pôde seguir sua vida ajudando quem precisava. Com o fim da guerra, entregou ao presidente do Comitê de Salvação dos Judeus a documentação que havia reunido, o que permitiu que algumas crianças reencontrassem suas famílias. Muitas tiveram seus familiares mortos nos campos de extermínio nazista, mas, mesmo assim, ficaram extremamente gratas a Irena, pois graças a ela puderam escapar desse destino terrível. Ao longo da vida, ela recebeu muitos telefonemas em agradecimento ao que fez, “eu me lembro do seu rosto. Você me tirou do Gueto. Você salvou a minha vida”, eles diziam.
Irena foi condecorada em diferentes países, foi indicada duas vezes ao Nobel da Paz e teve sua história narrada em livro e filmes, porém sempre se manteve humilde em relação aos seus atos, afirmando que tudo que fez foi fruto da educação que recebeu na infância e que toda criança salva com a sua ajuda era motivo para justificar a sua existência na terra, não um título para se glorificar.
Em 12 de maio de 2008, ela faleceu aos 98 anos de idade. Entretanto, seu trabalho continua vivo através das vidas que ela salvou e da organização “Life in a Jar”, que segue auxiliando crianças no mundo.
Referências:
http://www.morasha.com.br/holocausto/a-historia-de-irena-sendler.html
MIESZKOWSKA, Anna. “História de Irena Sendler: A mãe das crianças do Holocausto”. São Paulo: Palas Athena, 2013.
https://www.theguardian.com/world/2007/mar/15/secondworldwar.poland