Recrutado pela Ditadura Militar para reprimir pessoas contrárias ao regime, Fleury é considerado o mais sanguinário e violento policial da história do Brasil. Sua vida profissional é marcada por graves e sucessivas violações aos Direitos Humanos e uso da força armada do Estado para extermínio de pessoas. Sob seu comando estava a parte mais pesada e violenta do Departamento de Ordem política e social, conhecido apenas pela sigla DOPS, e o famoso Esquadrão da Morte Paulista, grupo que eliminava suspeitos de subversão e crimes comuns, sem chances de um único julgamento legal.
Apoiado por parte da mídia e pelos governadores paulistas, Fleury era temido e foi importantíssimo para os generais durante os anos de chumbo da Ditadura. O governo federal sustentava o discurso que o grande problema do Brasil, já que tinham “eliminado” a corrupção, eram os movimentos armados da esquerda e os criminosos comuns, o que concedeu carta branca para o cometimento de torturas, execuções e prisões arbitrárias.
Segundo seus principais biógrafos, Fleury ajudou a instituir a lei do “morre um mata 10”, quando um policial era alvejado e morto por algum bandido, os membros do Esquadrão chefiado por Fleury matavam 10 pessoas, que julgavam serem bandidos. Os homens do delegado chegaram a invadir presídios para executar internos, mesmo sob custódia do Estado, sempre chegavam ao décimo assassinato. O delegado gostava de verificar pessoalmente as sessões de tortura, tendo participado de muitas delas.
Aos poucos Fleury se tornou uma figura indesejável para os militares, com o final do governo Medici, quando as forças populares e a imprensa passaram a exigir o fim dos Estado de Exceção que a Ditadura sustentava, Fleury foi deixado de lado, e foi destituído dos poderes quase ilimitados que o sustentava como bicho papão.
Foi investigado e processado por envolvimento com o tráfico de drogas e enriquecimento ilícito, pois possuía em seu nome, casas, terrenos, entre outros bens. Também foi acusado de ter matado um traficante para defender um outro criminoso, ao qual prestava serviços.
Em 1979, o delegado morreu. Segundo informações da esposa, Fleury saiu com sua lancha para um passeio e se afogou, a hipótese de queima de arquivo ainda hoje é levantada, pois, segundo familiares, ele era um exímio nadador.
Referencia: Autópsia do Medo, Percival de Souza.